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As origens da capoeira -

O tráfico transatlântico de escravizados prosperou de meados do século XVI até a década de 1860. Era parte do tráfico global de escravos que levou até 12 milhões de africanos escravizados para as Américas.

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Tráfico transatlântico de escravos -

Entre os africanos escravizados que chegaram ao Brasil no século XVI, destacaram-se os oriundos dos territórios dos atuais Gabão, Angola e ambos os Congos. O Brasil era colônia da coroa portuguesa, e Recife, cidade do litoral nordeste do país, foi o primeiro porto negreiro das Américas.

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O Império Português -

O Império Português foi sustentado pelo trabalho escravo. Outras cidades portuárias brasileiras, lugares como Salvador e Rio de Janeiro, também se tornaram notórias por seus mercados de escravizados.

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Escravizados no Brasil -

Ao longo de quase três séculos, estima-se que quatro milhões de pessoas escravizadas tenham sido enviadas só para o Brasil.

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Trabalho intenso -

Os escravizados no Brasil eram colocados para trabalhar em minas de ouro e em plantações de açúcar e tabaco. Trabalhando em condições muitas vezes terríveis, com pouco acesso a comida e água, muitos pereceram sob o sol quente e o chicote.

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Dançando o n'golo -

Havia pouquíssimo tempo para descanso e relaxamento, quanto mais para diversão. No entanto, em sua terra natal, uma maneira popular para os angolanos passarem o tempo era uma dança conhecida como n'golo ou engolo.

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Arte marcial buntu -

O n'golo foi, e ainda é, executado em círculo acompanhado de música e canto. N'golo, no entanto, também é uma arte marcial tradicional buntu.

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Aprendendo defesa pessoal -

No Brasil, quando não estavam cortando cana-de-açúcar ou lavando diamantes, os escravizados começavam a dançar o n'golo nas horas vagas como forma de esconder de seus senhores coloniais o fato de estarem praticando e aprendendo uma arte marcial.

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Refinando sua arte -

Ninguém sabia exatamente o que o n'golo implicava. Os proprietários de escravos apenas observavam como "suas propriedades" praticavam uma série de chutes, esquivas e quedas diferentes.

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Dança secreta -

À medida que a dança progredia, os movimentos se tornavam mais elaborados, com os participantes imitando o movimento de chute de um animal enquanto balançavam, se abaixavam e desviavam – técnicas que estavam escondidas na dança para proteger seus praticantes de represálias, já que qualquer demonstração de dissidência era recebida com punição.

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Surgimento da capoeira -

No n'golo, o que se presenciava era o precursor da capoeira, arte marcial e dança afro-brasileira. Em sua forma recreativa, a capoeira era um meio de demonstrar os sentimentos e esperanças dos escravizados. Mas também simbolizava atacar, pelo menos num faz-de-conta, seus "donos".

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Lutas -

Em meados do século XIX, os escravizados estavam lutando como podiam. Muitos escaparam das garras de seus senhores e fugiram para santuários no vasto interior do Brasil. Lá, a capoeira era praticada em aldeias remotas, conhecidas como quilombos, e se desenvolvia como parte de um sistema sociocultural autônomo, onde várias expressões da herança africana podiam ser mantidas.

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Capoeira chega às ruas -

Enquanto isso, as cidades brasileiras passaram por uma urbanização rápida e descontrolada. Milhares de pessoas foram atraídas para essas aglomerações em expansão, incluindo ondas de veteranos e refugiados da Guerra do Paraguai, que havia terminado em 1870. Muitos deles se interessaram pela capoeira. Além de proporcionar um tempo de inatividade lúdico, a capoeira era vista como um meio de defesa sob um regime português cada vez mais opressor.

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A criminalização da capoeira -

A escravidão no Brasil foi encerrada em 1888. No entanto, a capoeira resistiu, não tanto como uma forma de arte, mas como um método de luta. De fato, no final do século XIX, a capoeira estava cada vez mais descolada de sua música e dança e era essencialmente uma atividade vista como criminosa.

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Capoeira carioca -

O Rio de Janeiro tornou-se um celeiro da chamada capoeira carioca. Essencialmente uma técnica de luta de rua, ou capoeiragem. Esta versão adaptada empregava o uso de várias armas, incluindo bastões, facas, lâminas de barbear e facões.

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Sinônimo de crime -

Como a capoeira acabou sendo usada também para cometer crimes, as autoridades tiveram a desculpa perfeita para proibí-la. Aqueles que eram pegos praticando a arte eram severamente punidos.

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Manduca da Praia -

Mas proibir a capoeira não impediu que o Rio de Janeiro produzisse uma gama de capoeiristas verdadeiramente lendários, como Manduca da Praia (foto), o chamado "Lutador de Capoeira Elegante", e também o Mestre Besouro Manganga, o "Lutador de Capoeira Invencível".

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Legitimação da capoeira -

Na década de 1930, a capoeira ganhou uma nova legitimidade através de um mestre da arte: Manuel dos Reis Machado (1900-1974). Conhecido carinhosamente como Mestre Bimba, Machado foi o fundador do estilo regional da capoeira – uma reforma da capoeira tradicional. Em 1932, ele abriu a primeira escola de capoeira chamada Luta Regional. No final da década, a capoeira recebeu o reconhecimento oficial do governo como um produto cultural brasileiro e uma forma legítima de defesa pessoal e esporte.

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Pelé e a ginga -

Na década de 1950, os jogadores brasileiros desenvolveram um estilo de futebol conhecido como ginga, inspirado em duas formas de arte: capoeira e samba. O gingado mais celebrado foi o de Pelé.

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O jogo bonito -

Ao combinar esses dois fundamentos, o Brasil produziu um estilo requintado de futebol e transformou o esporte em um jogo bonito.

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Mestre Jelon Vieira -

Na década de 1970, a capoeira estava sendo apreciada em muitas regiões do Brasil e em grande parte do mundo. Dois homens, Jelon Vieira e João Grande, foram os grandes responsáveis pela divulgação da arte. Vieira, aliás, foi pioneiro em apresentar a capoeira para o público norte-americano. Mais tarde, ele fundou a DanceBrazil, que se destaca em apresentações de obras do movimento artístico afro-brasileiro, particularmente a capoeira.

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Mestre João Grande -

João Grande, por sua vez, fundou sua própria academia, o Capoeira Angola Center of Mestre João Grande, em Nova York, em 1990.

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Música da capoeira -

Fundamental para a cultura da capoeira é a música. Acompanhando as manobras acrobáticas e complexas está uma orquestra, que, dependendo do estilo de capoeira que está sendo expressa, geralmente é composta pelo berimbau (foto), pandeiro, atabaque e agogô.

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O berimbau -

O berimbau é o instrumento principal. Determina o ritmo e o estilo da música e do jogo. É um arco musical tradicional angolano tocado com uma vara para criar diferentes tons e ritmos.

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Canções sobre história -

Enquanto os instrumentos são tocados, o grupo bate palmas no tempo e canta músicas de canto responsorial, onde uma voz entra com o tema inicial e é seguida pouco tempo depois por uma resposta das outras vozes. As letras da capoeira falam eloquentemente da história de escravidão e libertação do país, conflito racial e integração cultural, dificuldades econômicas e riqueza espiritual.

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Entrando na roda -

Os participantes formam uma roda e se revezam tocando instrumentos, cantando e disputando em duplas. A capoeira é inclusiva – a arte ganhou muitas praticantes femininas altamente qualificadas, embora em seus primeiros anos a capoeira fosse um domínio exclusivamente masculino.

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Forma de arte mundial -

Hoje, pessoas de todo o mundo praticam capoeira, não só em parques, praias e estúdios, mas também em universidades e instituições profissionais.

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Expressão cultural -

A capoeira ainda funciona como uma expressão de respeito mútuo entre comunidades, grupos e indivíduos, desempenhada como uma dança acrobática.

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Símbolo da escravidão -

E, embora tenha sido descrita como provavelmente a arte marcial mais extravagante da história da luta, a capoeira permanece fundamentalmente simbólica de mais de trezentos anos de escravidão no Brasil.

Fontes: (Capoeira History) (Smithsonian Magazine) (The History of Fighting) (Samba Soccer Schools) (Afro-Brazilian Capoeira Association)

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