Disputas territoriais podem durar décadas, se não séculos ou mais. Encontradas em todo o mundo, elas são complicadas e quase sempre estão em constante mudança. Algumas dessas disputas são causadas por rivalidades entre países ou povos, mas a maioria geralmente envolve reivindicações históricas de propriedade. E, quando se trata de encontrar uma solução, algumas dessas disputas nem sequer terminam depois de uma guerra. O lado perdedor numa derrota militar pode simplesmente se recusar a desistir da sua reivindicação.
Da Palestina à Crimeia, clique na galeria para saber sobre alguns dos territórios mais disputados do mundo.
As áreas geográficas disputadas por israelenses e palestinos são impossíveis de ignorar. Anteriormente parte do Mandato da Palestina, os territórios foram tomados por Israel durante a Guerra dos Seis Dias em 1967. Ao longo das décadas, Israel expandiu-se para a Palestina, tornando os territórios palestinos cada vez menores.
Várias tentativas foram feitas para resolver o conflito como parte do processo de paz entre Israel e Palestina e as esperanças de uma potencial solução de dois Estados. No entanto, a ocupação e os bloqueios nestes territórios persistem e as tensões continuam a aumentar desde que Israel começou a realizar ataques diários na Cisjordânia em 2022. Gaza, em particular, está bloqueada desde 2007, o que significa que os palestinos não podem atravessar a fronteira e têm acesso limitado a bens essenciais, incluindo recursos como água potável e alimentos.
Em 7 de outubro de 2023, o grupo militante palestino Hamas respondeu a anos de incursões realizando um ataque coordenado a Israel. Centenas de israelenses foram mortos e o governo israelense declarou estado de guerra. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ameaçou transformar a Gaza palestina numa "ilha deserta" através de retaliações violentas.
A Crimeia, uma península localizada junto ao Mar Negro, tem uma população étnica predominantemente russa. Porém, a região se tornou parte da Ucrânia em 1954. A Rússia e a Ucrânia eram parte da União Soviética na época.
Em fevereiro e março de 2014, a Rússia invadiu e, posteriormente, anexou a Crimeia ao seu território, tirando a região das mãos da Ucrânia. Isso ocorreu no rescaldo da Revolução Ucraniana, também chamada de Revolução da Dignidade.
Em fevereiro de 2022, o conflito tomou uma proprorção enorme quando a Rússia lançou uma invasão em grande escala à Ucrânia.
A invasão resultou em dezenas de milhares de mortes em ambos os lados. Também causou a maior crise de refugiados da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
A Rússia tem outras disputas territoriais em suas mãos, incluindo uma pequena faixa de terra chamada Transnístria, que está localizada ao longo da fronteira da Moldávia com a Ucrânia.
A Transnístria proclamou independência da Moldávia e lealdade a Moscou no início dos anos 90, e tem sido considerada um "conflito congelado" desde então.
Mesmo com a presença militar russa por lá, a maioria dos transnístrios tem cidadania moldava. Os principais grupos étnicos são russos, moldavos, romenos e ucranianos.
As Ilhas Curilas são um arquipélago vulcânico com 56 ilhas, atualmente sob administração russa. O Japão também reivindicou as ilhas, o que gerou uma disputa ainda em curso.
Esta disputa é a principal razão pela qual o Japão e a Rússia nunca assinaram um tratado de paz para formalizar o fim da Segunda Guerra Mundial. As ilhas são conhecidas no Japão como os Territórios do Norte do país.
A cadeia de ilhas remotas e ricas em energia, conhecidas como Senkaku, no Japão, e Diaoyu na China, têm sido um foco de disputa territorial entre essas duas nações.
Os EUA ocuparam as ilhas durante a Segunda Guerra Mundial, mas, desde então, elas estão sob administração japonesa. O Japão afirma que as ilhas estavam vazias até 1895, quando seu governo as reivindicou. A China reivindica a descoberta e a propriedade desde o século XIV.
A disputa sobre essas ilhas se intensificou depois que os campos de petróleo e gás foram encontrados em 1968. Considerando o crescente poder e assertividade da China, muitos especialistas alertam que a tensão pode aumentar.
Após a derrota japonesa na Segunda Guerra Mundial, a ilha de Taiwan voltou para as mãos da China. No entanto, o próprio governo chinês foi logo derrubado no continente pelo Exército de Libertação Popular de Mao Tsé-Tung, que renomeou a nação para República Popular da China (RPC).
O governo nacionalista de Chiang Kai-shek se exiliou na ilha de Taiwan, e continuou a governar como a República da China (ROC).
Enquanto a RPC reivindica soberania sobre Taiwan, a República da China ainda se considera o governo legítimo da China, tanto na ilha quanto no continente.
Dividido entre Índia, Paquistão e China, o território de Jammu e Caxemira tem sido disputado desde que os britânicos renunciaram ao controle da região em 1947. A China entrou em cena após a Guerra Sino-Indiana em 1962. Hoje, os chineses controlam as regiões de Aksai Chin e do Trans-Karakoram Tract (ou Shaksgam).
Desde então, a linha de controle fortemente militarizada colocou as forças indianas e paquistanesas umas contra as outras. A disputa se transformou em três guerras e vários outros confrontos armados.
Nos anos 90, tanto a Índia quanto o Paquistão se declararam potências nucleares, causando mais tensões na região. Hoje, ambos reivindicam o território na íntegra, mesmo que controlem apenas partes dele.
A ex-colônia espanhola do Saara Ocidental está em um limbo político desde que a Espanha se retirou da área em 1976. Os saharauis, habitantes indígenas da região, têm desde então lutado pela sua independência de Marrocos.
Embora não tenha sido reconhecido internacionalmente, o Marrocos conseguiu anexar aproximadamente 259.000 quilômetros quadrados do deserto rico em recursos aos seus territórios. Ainda não se chegou a uma resolução sobre o conflito.
Tecnicamente, a Guerra da Coreia nunca chegou ao fim. As Coreias do Norte e do Sul assinaram um armistício (acordo formal no qual as partes envolvidas em conflito armado concordam em parar de lutar), mas nunca assinaram um tratado de paz.
A disputa em curso baseia-se na divisão da Coreia, entre a Coreia do Norte (República Popular Democrática da Coreia) e a Coreia do Sul (República da Coreia). Ambos os lados afirmam ser o único governo legítimo de toda a Coreia.
Vários países fizeram reivindicações sobre a Antártida, mas essas reivindicações não têm sido reconhecidas pela comunidade internacional desde a assinatura do Tratado da Antártida em 1959.
O tratado proibia os países de tomar posse de qualquer parte da Antártida. No entanto, sete países, Argentina, Austrália, Chile, França, Nova Zelândia, Noruega e Reino Unido, reivindicaram território.
As atuais fronteiras da África são o resultado da competição entre potências coloniais, como a Grã-Bretanha e a França, pelo controle do continente. Durante a Segunda Guerra Mundial, todos os territórios somalis foram unificados sob administração militar britânica, exceto a Somalilândia Francesa. Isso se manteve até que a Somália se tornou independente em 1960.
No entanto, durante a guerra civil, a região norte da Somalilândia declarou sua independência em 1991. O território ainda não foi reconhecido pela Somália e pela comunidade internacional.
Fontes: (National Geographic) (Britannica)
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Disputas territoriais podem durar décadas, se não séculos ou mais. Encontradas em todo o mundo, elas são complicadas e quase sempre estão em constante mudança. Algumas dessas disputas são causadas por rivalidades entre países ou povos, mas a maioria geralmente envolve reivindicações históricas de propriedade. E, quando se trata de encontrar uma solução, algumas dessas disputas nem sequer terminam depois de uma guerra. O lado perdedor numa derrota militar pode simplesmente se recusar a desistir da sua reivindicação.
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