A ideia de manifestação (a crença de que pensamentos positivos podem mudar a realidade) chama a atenção de muita gente há milhares de anos, desde as tradições espirituais antigas até as modinhas do TikTok. No fundo, a manifestação promete um caminho fácil para o sucesso: pense positivo, imagine seus sonhos e eles se tornam realidade.
Essa ideia ganhou força entre os jovens, que compartilham técnicas e frases motivacionais na internet. Alguns acreditam nisso como uma forma de se fortalecer, enquanto outros usam de forma irônica, transformando em piada ou meme. Mas a manifestação não é uma ideia nova e também gera polêmica.
Mas afinal, a manifestação funciona mesmo ou é só uma ilusão de controle? Pensar positivo pode mesmo mudar a nossa realidade? E de onde veio essa crença? Clique nesta galeria para descobrir.
A manifestação voltou a ser muito falada nos últimos anos. Popularizada pelo TikTok e livros de autoajuda, muita gente está usando essa ideia para transformar desejos em realidade, focando nos pensamentos. Mas, na verdade, essa ideia não é nada nova.
Muito antes das modinhas de hoje, civilizações antigas na Índia, na Grécia e no Egito já acreditavam no poder do pensamento. Suas crenças espirituais diziam que a intenção e as ações focadas podiam influenciar a realidade.
No Hinduísmo, a ideia de carma mostra que nossas ações e intenções influenciam o que acontece no futuro. Isso lembra a lei da atração, que diz que energia positiva ou negativa afeta a realidade, um conceito que existe há milhares de anos.
Um dos textos mais antigos do mundo, o Rigveda, sugere que nossos pensamentos e ações definem nosso futuro. Esse livro antigo, escrito em sânscrito há mais de 3.500 anos, mostra que a ideia de que nossos pensamentos moldam nossa realidade não é nova - e que ela evoluiu até chegar às ideias de autoajuda de hoje.
Tradições hindus enfatizam o foco em divindades para manifestar desejos. Crentes invocam Lakshmi para riqueza, ou realizam Ganesh Puja para chamar a sorte. tudo isso reflete uma forma antiga de manifestação por meio do pensamento intencional e da devoção às forças divinas.
No período védico, entre 1500 e 500 a.C., as pessoas faziam sacrifícios (geralmente para um fogo sagrado) como forma de conseguir o que queriam, bem parecido com a manifestação de hoje em dia. Com o tempo, essas tradições mudaram e passaram a valorizar mais a ajuda aos outros e a busca da paz interior.
Por volta de 500 a.C., a filosofia hindu começou a se preocupar mais com o bem da sociedade e com a espiritualidade. O Dharma-shastra (um texto antigo sobre leis e costumes) passou a valorizar mais os deveres, a ajuda aos outros e a busca da paz interior. Isso marcou uma mudança na ideia de manifestação, que antes era usada para conseguir coisas para si mesmo, e que passou a ser usada para ajudar a sociedade.
Na Grécia Antiga, as pessoas já acreditavam em ideias parecidas com a manifestação, usando a filosofia e o misticismo. Os filósofos gregos acreditavam que o pensamento podia moldar a realidade, e isso influenciou práticas esotéricas e de desenvolvimento pessoal que vieram depois.
O hermetismo, uma filosofia antiga grega, falava de sete leis universais da criação. Uma delas, a lei da vibração, é o que hoje chamamos de lei da atração. Mesmo que os gregos não usassem a palavra "manifestação", eles já acreditavam em ideias parecidas através dessas leis universais.
Entre 100 a.C. e 400 d.C., magos gregos e egípcios usavam papiros mágicos para tentar mudar a realidade. Esses documentos tinham feitiços para amor, riqueza, sucesso e proteção, que eram como rituais de manifestação daquela época.
Os hinos órficos da Grécia Antiga, usados para falar com os deuses, terminavam com orações que pediam que os desejos se tornassem realidade. Essa prática é bem parecida com as afirmações que usamos hoje em dia.
Os gregos também escreviam seus desejos em placas de chumbo e as enterravam, acreditando que isso faria com que os desejos se tornassem reais. Essa prática é parecida com os painéis de visão (ou painéis de sonhos) que usamos hoje, que são feitos com imagens para nos inspirar e motivar.
Na religião grega e no neoplatonismo, era comum fazer rituais para pedir ajuda aos deuses. Essa forma antiga de manifestação buscava a ajuda divina, enquanto os povos antigos tentavam usar suas conexões espirituais para moldar o futuro.
No século XIX, o movimento Novo Pensamento trouxe de volta as ideias de manifestação, misturando-as com a filosofia hindu. Esse movimento preparou o terreno para os ensinamentos modernos de autoajuda sobre o poder do pensamento positivo e da influência da mente.
Mary Baker Eddy, uma das principais figuras do Novo Pensamento, usou os Upanishads hindus em seus escritos. Sua filosofia, que ligava a cura ao pensamento positivo, foi muito influenciada pelas tradições espirituais da Índia Antiga.
Textos hindus como os Upanishads são frequentemente usados como base para a manifestação. Esses textos filosóficos antigos exploram a natureza da realidade, da consciência e do eu. Eles basicamente defendem a ideia de que nossos pensamentos e intenções têm o poder de moldar nossas vidas.
Na mesma época, pensadores como Henry David Thoreau e Ralph Waldo Emerson estudaram textos hindus como o Bhagavad Gita. Seus trabalhos influenciaram os ensinamentos de autoajuda que vieram depois e reforçaram a ideia de que o pensamento pode moldar a realidade.
O líder do Novo Pensamento, Phineas Quimby, acreditava que pensar positivo podia curar doenças, uma crença evoluiu para a filosofia de que "a mente controla o corpo". As ideias dele abriram caminho para os movimentos de manifestação que existem hoje.
Em 2006, a autora Rhonda Byrne publicou um livro de autoajuda chamado 'O Segredo', que impulsionou a manifestação na cultura popular. Este livro impulsionou a ideia de que a crença e a visualização podem atrair o sucesso, a saúde e o amor.
Apesar de ser amplamente ridicularizado por suas alegações de Nova Era, o livro de Byrne vendeu mais de 30 milhões de cópias. Ele também continuou a moldar a cultura da autoajuda e a inspirar uma nova geração.
Pessoas famosas como a Oprah Winfrey já disseram que a manifestação ajudou no sucesso delas. Isso fez com que muita gente levasse a prática a sério e inspirou milhões a experimentar técnicas de visualização e a definir suas intenções.
Durante a confusão da pandemia, as pessoas começaram a usar a manifestação para tentar ter controle e esperança. As buscas por "manifestação" no Google aumentaram 600% no começo de 2020, porque muita gente queria mudar as coisas que estavam acontecendo.
As redes sociais também ajudaram muito a manifestação a voltar a ser popular. Só no TikTok, há mais de 110 milhões de publicações sobre o assunto, o que fez com que essa ideia antiga ficasse conhecida pelas pessoas mais jovens.
Em 2024, o Dicionário de Cambridge escolheu "manifestação" como a Palavra do Ano. Várias celebridades influentes falaram sobre seus sucessos depois do anúncio e a ideia continuou sendo muito comentada na mídia.
O aumento da popularidade da manifestação também pode ser explicado pelo foco maior no desenvolvimento pessoal nos últimos anos. Em um mundo onde o bem-estar mental está ganhando cada vez mais importância, a manifestação se encaixa perfeitamente nas práticas modernas de autocuidado.
Apesar de ser uma prática muito ligada à espiritualidade, a manifestação também tem um pouco de base na psicologia. Estudos mostram que visualizar coisas boas pode aumentar a motivação e o desempenho, o que confirma a ideia de que pensar e agir de forma focada pode ter um impacto na realidade.
Apesar de ser muito popular, algumas pessoas acham que a manifestação simplifica demais a ideia de sucesso. Quem critica diz que ela ignora fatores como privilégios, dificuldades sociais e o acaso, o que a torna uma forma incompleta de alcançar objetivos.
A manifestação também começou a virar um negócio, o que pode ser perigoso. De aplicativos de astrologia a cursos de manifestação, as tendências espirituais se transformaram em empresas que dão muito lucro. A manifestação está se tornando um mercado bilionário, com foco em consumidores jovens.
No fundo, a manifestação mostra um desejo antigo das pessoas: acreditar que podemos mudar o nosso futuro. Seja através de rituais antigos ou painéis de visão modernos, essa ideia continua viva, dando esperança e motivação para cada nova geração.
Fontes: (National Geographic) (Psychology Today) (Vox)
As antigas origens da "manifestação"
O poder e a força do pensamento e seu efeito sobre esperanças e sonhos
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A ideia de manifestação (a crença de que pensamentos positivos podem mudar a realidade) chama a atenção de muita gente há milhares de anos, desde as tradições espirituais antigas até as modinhas do TikTok. No fundo, a manifestação promete um caminho fácil para o sucesso: pense positivo, imagine seus sonhos e eles se tornam realidade.
Essa ideia ganhou força entre os jovens, que compartilham técnicas e frases motivacionais na internet. Alguns acreditam nisso como uma forma de se fortalecer, enquanto outros usam de forma irônica, transformando em piada ou meme. Mas a manifestação não é uma ideia nova e também gera polêmica.
Mas afinal, a manifestação funciona mesmo ou é só uma ilusão de controle? Pensar positivo pode mesmo mudar a nossa realidade? E de onde veio essa crença? Clique nesta galeria para descobrir.