Todos nós já olhamos melancolicamente pela janela do ônibus ou do carro, com a música tocando ao fundo, imaginando a nós mesmos e nossas vidas sendo filmadas. Não há problema nenhum nisso. É delicioso se imaginar como protagonista e, de fato, somos os únicos personagens que seremos nesta vida, mas onde está o limite?
As redes sociais e a Geração Z foram rápidas em perceber isso e apelidaram o hábito de "Síndrome do Personagem Principal". Embora não seja um diagnóstico oficial, muitos psicólogos estão agora investigando esse novo fenômeno, em busca do motivo de ser tão prevalente nos dias de hoje e tentanto descobrir quais são os possíveis efeitos negativos disso na nossa saúde e nos nossos relacionamentos.
Clique e descubra o que é a Síndrome do Personagem Principal, os sinais que indicam que você pode tê-la e por que é cada vez mais importante para nós abordá-la.
"Síndrome do Personagem Principal" é um termo popularizado por uma geração mais jovem, em grande parte no TikTok, para descrever pessoas egocêntricas, que fazem propaganda de si mesmas e que veem as outras pessoas em suas vidas como meros atores coadjuvantes ou figurantes, enquanto elas são, é claro, a estrela principal.
Muitos usam Carrie Bradshaw de 'S-x and the City' como um exemplo que encapsula a "energia do personagem principal", já que ela é muitas vezes egocêntrica e se autonomeia como protagonista, certificando-se de que seus problemas e relacionamentos sejam sempre o tópico de discussão com suas amigas.
Dito isto, Kate Rosenblatt, terapeuta e gerente clínica sênior da Talkspace, disse ao Insider que "a 'síndrome do personagem principal' refere-se à identificação como protagonista em sua própria história de vida" e que certamente atrairá a atenção de terapeutas em todos os lugares, pois é crucialmente um novo fenômeno auxiliado pela ascensão das plataformas digitais.
Todos nós criamos narrativas em torno de nós mesmos como uma espécie de personagens online, representados em parte por postagens pensadas. Passamos o dia navegando em um algoritmo especificamente adaptado para nós e baseando a maioria de nossas interações em pessoas "gostando" de nós. É difícil não ser egocêntrico em uma plataforma de mídia social.
O psicólogo Michael G. Wetter disse ao Daily Mail que a síndrome do personagem principal é uma "consequência inevitável do desejo humano natural de ser reconhecido e validado, fundindo-se com a tecnologia em rápida evolução que permite a autopromoção imediata e generalizada".
Existem vários sinais de alerta a serem observados em nós mesmos que podem indicar se estamos sendo o protagonista insuportável e autonomeado em nosso círculo social. Mas não se preocupe: existem maneiras de consertar isso!
Quando você está conversando com amigos, familiares, colegas e entes queridos, você é sempre o único a compartilhar seus problemas e a receber apoio emocional? Quando alguém pergunta como você está, você responde e depois esquece de perguntar de volta?
Uma pessoa com síndrome do personagem principal tende a tentar apresentar uma imagem falsa de si mesma online para não apenas parecer melhor, mas também para selecionar cuidadosamente sua persona online de forma a retratar sua visão como esse personagem principal. Ela está efetivamente tentando vender aos espectadores o enredo de seu programa fictício.
Ao criar essa imagem perfeita para si mesmas, as pessoas com síndrome do personagem principal tendem a ser controladoras e podem atacar qualquer um que contradiga sua imagem ou até mesmo excluir pessoas se elas não se encaixarem. Elas querem escolher onde comer, que música tocar, quais fotos são postadas, etc.
Como as pessoas com síndrome do personagem principal estão trabalhando tão duro para construir e retratar a si mesmas e suas vidas de uma certa maneira, elas tendem a ter problemas em aceitar críticas ou até mesmo brincadeiras. Elas têm dificuldade em aceitar suas próprias falhas e pedem conselhos, mas dificilmente os aceitam.
Um sinal claro de que você acha que todos são simplesmente figurantes para o seu personagem principal é assumir que as pessoas sempre estarão disponíveis e dispostas a te conhecer ou te ajudar, como se não tivessem vida própria.
Pessoas com síndrome do personagem principal, sem surpresa, tendem a parecer que estão prontas para a câmera em todos os momentos, agindo de como se os outros estivessem assistindo. Você está sempre tentando se inclinar com o seu "lado bom" diante de quem está assistindo?
Todo problema é como um obstáculo suculento que aumenta a trama para alguém com síndrome do personagem principal, então pequenas coisas se tornam grandes distúrbios e as soluções raramente são seu foco porque os problemas são mais emocionantes.
Como a síndrome do personagem principal prospera na validação e na autopromoção, muitas vezes a pessoa costuma buscar elogios, compartilhar demais online ou se estressar com a quantidade de curtidas que suas postagens receberam.
Segundo o professor de psicologia, a razão pela qual os "personagens principais" tentam ficcionalizar suas vidas através da validação dos outros é, muitas vezes, porque a vida deles não é tão perfeita quanto parece. Este personagem principal se torna algo que a pessoa pode controlar em um mundo que parece fora do seu controle.
Shungu Hilda M'gadzah, diretora e psicóloga consultora líder de Diversidade, Equidade e Inclusão da Inclusion Psychologists Limited, disse à Glamour UK: "O impacto da Síndrome do Personagem Principal pode variar significativamente dependendo de sua gravidade. Em casos extremos, pode resultar em pessoas perdendo contato com a realidade e se tornando consumidas por seus próprios mundos."
"Os jovens muitas vezes podem sentir a necessidade de escapar de suas realidades, seja por causa da pandemia ou de outras pressões sociais", continua M'gadzah. "A rede social fornece a eles as ferramentas para escapar, mas isso pode consumir tudo e se autoperpetuar."
O mundo real está sempre pronto para nos humilhar, não importa quem sejamos. Uma identidade falsa e uma vida falsa inevitavelmente desmoronarão e, quando isso acontecer, a pessoa se sentirá ainda mais fora do controle de sua narrativa do que antes. Se você não gosta da sua vida, trabalhe no que você não gosta em vez de construir uma vida de ilusão.
Se você fosse tratado como um figurante ou coajuvante por um de seus amigos, quanto tempo você acha que esse relacionamento duraria? As pessoas têm que naturalmente se revezar nos papeis para apoiar os outros também e compartilhar os holofotes.
É claro que nunca devemos nos sentir como um personagem coadjuvante em nossas próprias vidas, e todos devemos nos ver como tendo algum tipo de ação sobre nossas escolhas e identidades. É uma coisa poderosa ter boa autoestima e confiança em si mesmo.
No entanto, tratar o mundo com tão pouca empatia pelos outros só alimentará uma sociedade destrutiva, isolada e individualista que não consegue trabalhar em conjunto – uma habilidade que está se tornando cada vez mais necessária com o crescimento das ameaças globais à nossa saúde mental e física e à nossa segurança.
M'gadzah acrescenta: "A síndrome nem sempre é extrema e muitas vezes pode ser gerenciada. É sobre não permitir que ela assuma o controle e nem considerar nossas necessidades e problemas sempre como se fossem mais importantes do que os dos outros."
A primeira e maior maneira de combater esse novo fenômeno é reduzir significativamente o tempo gasto nas mídias sociais. Force-se a estar em sua vida real, onde as imperfeições abundam, e fique confortável com a falta de dopamina liberada em seu cérebro com todos os "likes" recebidos.
Helen Llewellyn, diretora da Infinity Wellbeing, disse à Glamour UK: "Os jovens podem evitar essa síndrome praticando viver no momento. Caminhar na natureza, colocar o mindfulness ou a meditação em prática são coisas que vão ajudar. Toque em quem você é agora, em vez de em quem você acha que quer ser."
Faça mais perguntas e ouça ativamente as respostas. Ao expressar mais curiosidade com os outros, você encontrará um equilíbrio mais fácil em seus relacionamentos.
Comece a assistir essa série ou filme que você está estrelando sozinho e preste atenção em como você pensa, se comporta e reage em diferentes situações. Faça um diário, peça um feedback genuíno aos seus amigos e familiares, e transforme o egocentrismo em autoconsciência.
Em vez de pensar em si mesmo como o personagem principal (que pode ser bastante desagradável para se estar por perto), uma opção mais saudável é romantizar partes da sua vida. Isso não envolve ficcionalizar ou embelezar, mas sim permitir-se abraçar o que já está lá, imperfeições e tudo mais, e reconhecê-los como dignos de filme.
Aprender o nome do atendente da padaria, permitir-se ser surpreendido por um novo restaurante, ter noites de vinho com seus amigos (onde todos vocês são co-estrelas igualmente importantes) e dançar em casa sozinho são maneiras de sentir o romantismo de estar em um filme sem os efeitos colaterais negativos.
Fontes: (AZ Magazine) (Psychology Today) (Aisles of Life) (Business Insider) (Glamour UK)
Síndrome do Personagem Principal: Conhece alguém assim?
Descubra do que se trata essa problemática e nova condição
LIFESTYLE Síndrome
Todos nós já olhamos melancolicamente pela janela do ônibus ou do carro, com a música tocando ao fundo, imaginando a nós mesmos e nossas vidas sendo filmadas. Não há problema nenhum nisso. É delicioso se imaginar como protagonista e, de fato, somos os únicos personagens que seremos nesta vida, mas onde está o limite?
As redes sociais e a Geração Z foram rápidas em perceber isso e apelidaram o hábito de "Síndrome do Personagem Principal". Embora não seja um diagnóstico oficial, muitos psicólogos estão agora investigando esse novo fenômeno, em busca do motivo de ser tão prevalente nos dias de hoje e tentanto descobrir quais são os possíveis efeitos negativos disso na nossa saúde e nos nossos relacionamentos.
Clique e descubra o que é a Síndrome do Personagem Principal, os sinais que indicam que você pode tê-la e por que é cada vez mais importante para nós abordá-la.