Spoiler: não é necessariamente uma coisa boa
A maneira como criamos nossos filhos mudou consideravelmente ao longo dos anos. Embora alguns princípios ainda se apliquem, muitos provaram não ser tão eficazes. Os pais no século XIX tinham acesso a livros que os guiavam em sua jornada parental. Alguns realmente tinham boas dicas, mas muitos desses livros eram simplesmente bizarros. De fato, quando foi a última vez que você "arejou" seu bebê em uma gaiola do lado de fora da janela, ou deu ao seu filho um pouco de ópio? Sim, isso eram coisas cotidianas no século XIX!
Na galeria, saiba de mais dicas loucas para os pais dos anos 1800.
Os dentistas cortariam as gengivas das crianças em vez de deixar os dentes romperem naturalmente.
Uma revista médica americana de 1857 indicou que "uma incisão superficial será inútil; as gengivas devem ser cortadas até que a lanceta [instrumento com lâmina curta] colida com o dente que se aproxima."
O 'Cassells Household Guide' ('Guia Cassells para cuidar da Casa', em tradução livre) aconselha: "Com relação ao tempo de alimentação, a irregularidade deve ser evitada, não dando às crianças sobras para comer entre as refeições; nem devem ser expostas à visão de comida tentadora em momentos inadequados".
Se a mãe realmente quisesse dar um lanche ao seu filho, então o livro 'Conselhos a uma Mãe sobre o Manejo de seus Filhos", de Pye Henry Chavasse, tinha a resposta: um pedaço de pão seco.
De acordo com o autor, o raciocínio é que "ele nunca comerá mais disso [pão seco] do que o que fará bem a ele, e ainda assim ele comerá o suficiente para satisfazer sua fome, o que é muito importante". Além disso, "se uma criança nunca for autorizada a comer bolos e doces, ela considerará um pedaço de pão seco um luxo e o comerá com o maior prazer".
Criança doente? Algumas gotas de xarope paregórico (calmante) eram o truque no século XIX. As crianças definitivamente se sentiam mais calmas com todo o álcool e ópio que continha!
Para tênias (os vermes conhecidos como solitárias), por exemplo, era aconselhado dar terebintina ao seu filho. Faz ideia do que se trata? É um fluido obtido pela destilação de resina colhida de árvores vivas, principalmente pinheiros, e usado sobretudo como solvente, mais conhecido como aguarraz.
Para a disenteria, uma mãe daria ao seu filho um pouco de mercúrio.
Child também recomendava dar botões para as crianças brincarem. Os brilhantes de preferência, desde que não fossem feitos de latão. Será que alguém pensava em risco de asfixia nessa época?
Ler ficção era um prazer acompanhado de culpa que as crianças só deveriam se entregar com moderação. Child explicou: "Ler demais obras de ficção tende a destruir um prazer por qualquer coisa mais sólida e menos excitante [...] Para evitar um gosto exclusivo e prejudicial pela ficção, é bom incentivar neles o amor pela História, Viagens, Biografia, etc."
Na verdade, isso poderia matar a criança. No livro de 1846, 'Fireside Education' ('Educação ao Redor da Lareira', em tradução livre), Samuel Griswold Goodrich deu o exemplo de uma mãe que encorajava seu filho. Aos oito anos, ele era um prodígio, mas morreu quando tinha apenas 10 anos. "Os frutos prematuros nunca amadurecem bem", apontou.
De fato, pensava-se que muita imaginação não era uma coisa boa. Aparentemente, a criatividade levava a uma visão distorcida da realidade.
O ato de educar através de punições corporais estava baseado no Antigo Testamento. Provérbios 23:13 diz: "Não retires a disciplina da criança; pois se a fustigares com a vara, nem por isso morrerá."
O livro de 1884, 'Algumas Sugestões às Mães sobre a Gestão de Seus Filhos', sugere "uma boa flagelação com um chinelo de couro fino, macio e velho ou uma pantufa".
Autora de 'O Livro das Mães', Lydia Maria Child sugeria em um de seus livros amarrar a criança a uma poltrona, "ou algo dessa natureza simples", como forma de punição.
'Der Struwwelpeter' (traduzido para o português como 'João Felpudo'), um livro infantil alemão de Heinrich Hoffmann, publicado em 1845, tinha algumas lições realmente aterrorizantes para ensinar às crianças.
Uma das histórias é sobre um menino que tem os polegares cortados porque os colocou na boca.
Outra história é sobre uma criança que se aventura ao ar livre durante o mau tempo e é tomada pelo vento, para nunca mais ser vista novamente. "Ninguém ouviu seus gritos e choros", diz o livro.
Esta foi listada como a qualidade mais importante para incutir em crianças. A obediência era a maneira de evitar que as crianças se tornassem adultos gananciosos e egocêntricos.
A metodologia era fácil. Tudo o que os pais tinham que fazer era não dar às crianças o que elas queriam. Nunca.
O 'Cassells Household Guide' afirma: "Acredita-se comumente que nenhum mal pode vir de deixar uma criança ter seu próprio caminho, desde que seja um mero bebê. Mas isso é uma ilusão séria. Assim que uma criança tem idade para expressar seus desejos, seja por um meio ou outro, ela tem idade suficiente para ser levada a hábitos de obediência. A obediência é a primeira lição a ser ensinada e muito sensatos são todos os bebês bem administrados de seu significado."
"Nenhuma palavra dura, nenhum gesto impaciente precisa ser adicionado para fazer cumprir a regra que consiste simplesmente em não fazer o que o bebê exige, se não for o momento certo e o lugar adequado para a gratificação desejada", diz o guia.
Apesar de um pouco de ópio e mercúrio ser administrado livremente às crianças, beber chá verde não era recomendado.
Uma série de distúrbios foram associados com o chá verde, incluindo histeria e dores de estômago. O chá verde deixava as pessoas nervosas, de acordo com Pye Henry Chavasse.
Um pigmento verde obtido usando arsênico foi criado na época e estava sendo utilizado em várias coisas, desde roupas até decoração e brinquedos. Felizmente, alguns especialistas na época perceberam isso e recomendaram que as crianças ficassem longe do verde.
Colocar bebês em gaiolas fora das janelas era uma prática comum no século XIX. Isso servia para que os bebês pudessem obter ar fresco. Eles chamavam o ato de "arejamento".
O conceito foi introduzido na década de 1890 pelo Dr. Luther Emmett Holt em seu livro 'The Care and Feeding of Children' ('O Cuidado e a Alimentação das Crianças', em tradução livre). Essa prática deveria fazer com que os bebês crescessem mais fortes e saudáveis.
Pelo menos era isso que George Napheys sugeria em seu livro, 'A Vida Física da M u l h e r: Conselhos para a Donzela, Esposa e Mãe'. Ele culpava os quartos com pouca luz, janelas mal equipadas e até mesmo o tipo de letra usada nos livros.
Napheys também sugeria que "as crianças concebidas na primavera têm maior vitalidade, são menos propensas a morrer durante a infância do que aquelas concebidas em qualquer outra época do ano".
"Deixe-os dormir enquanto puderem", escreveu Thomas E. Hill em seu livro de 1878 'Manual de formas sociais e de negócios'.
'The Care and Feeding of Children'
'Cassells Household Guide'
'Advice to a Mother on the Management of her Children'
'The mother’s book'
'The American Academy of Pediatrics'
'The Bible'
'A Few Suggestions to Mothers on the Management of Their Children'
'Fireside Education'
'Der Struwwelpeter'
'The Physical Life of Woman: Advice to the Maiden, Wife and Mother'
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A maneira como criamos nossos filhos mudou consideravelmente ao longo dos anos. Embora alguns princípios ainda se apliquem, muitos provaram não ser tão eficazes. Os pais no século XIX tinham acesso a livros que os guiavam em sua jornada parental. Alguns realmente tinham boas dicas, mas muitos desses livros eram simplesmente bizarros. De fato, quando foi a última vez que você "arejou" seu bebê em uma gaiola do lado de fora da janela, ou deu ao seu filho um pouco de ópio? Sim, isso eram coisas cotidianas no século XIX!
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