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Guerra biológica -

Temos a tendência de associar o termo "guerra biológica" a bactérias, vírus, toxinas e outros agentes vivos que podem afetar os seres humanos. O uso de insetos é um tipo de guerra biológica.

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Guerra Entomológica -

Esse tipo específico de guerra biológica é chamado de guerra entomológica. Os insetos podem prejudicar o inimigo de várias maneiras. Eles podem ser usados como pragas de plantações para espalhar doenças e como armas literais.

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Panelas de escorpião -

Os insetos têm sido usados como armas há milhares de anos. Um dos exemplos mais antigos data de 198 a.C., durante a Segunda Guerra Romano-Parta, uma série de conflitos bélicos entre o Império Parta e os antigos romanos. Para defender a cidade de Hatra dos romanos, o Rei Barsamia jogou panelas recheadas de escorpiões contra o inimigo.

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Besouros -

Acredita-se que as bombas de insetos usadas pelos partas também continham besouros rove. Esses besouros do gênero Paederus contêm um composto chamado pederina, que causa dermatite e bolhas quando entra em contato com a pele.

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Abelhas -

Durante a Terceira Guerra Mitridática, o Rei Mitrídates VI de Pontus ordenou que o "mel carregado de grayanotoxina criado por abelhas que forrageiam rododendros" fosse deixado ao longo das estradas para os romanos. A expressão "abelhas que forrageavam rododendros" se refere ao comportamento das abelhas de procurar e coletar néctar das flores de rododendros, que são plantas conhecidas por produzir substâncias tóxicas, como a grayanotoxina. Durante esse processo de forrageamento, as abelhas acabam incorporando essas toxinas no mel que produzem. Basicamente, o mel estava contaminado com uma toxina.

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Mel -

Os soldados romanos que consumiam esse mel ficavam doentes e sofriam alucinações. Eles o apelidaram de "mel louco".

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Ataque com ferrões -

Os Mitrídates foram pioneiros na guerra entomológica. Eles cavaram túneis subterrâneos, conhecidos como túneis de sapadores, sob os campos de batalha. Esses túneis eram usados para minar as defesas inimigas e, além disso, abelhas e vespas eram liberadas nesses lugares para atacarem os romanos.

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Pulgas da peste -

A Peste Bubônica dizimou milhões de pessoas durante os séculos 14 e 15. Acredita-se que os tártaros mongóis sejam os culpados por sua disseminação da doença na Europa. Ao sitiar a cidade de Kaffa, um importante porto genovês localizado na Crimeia, onde hoje fica Feodosia, eles catapultaram cadáveres infestados de peste por cima dos muros.

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Pulgas da peste -

A doença se espalhou por meio de pulgas e a cidade caiu em 1346. Algumas pessoas conseguiram escapar e acredita-se que tenham introduzido a peste na Europa.

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Guerra Civil Americana -

Durante a Guerra Civil Americana, os Confederados acusaram a União de introduzir o percevejo arlequim (Murgantia histrionica) no Sul para devastar suas plantações, especialmente as de algodão, vitais para a economia sulista. Eles acreditavam que essa praga foi usada como uma forma de guerra biológica para enfraquecer o Sul, mas a alegação nunca foi comprovada.

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Segunda Guerra Mundial: Japão -

A unidade 731 era uma instalação japonesa secreta de pesquisa e desenvolvimento de armas biológicas. Nesse local, os pesquisadores realmente construíram uma bomba cheia de pulgas infectadas com a peste e a lançaram em Changde e Ningbo, na China, para testá-la.

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Segunda Guerra Mundial: Japão -

Esse foi um teste para a Operação "Flores de Cerejeira à Noite" (também conhecida como Operação PX). O objetivo era lançar as pulgas infectadas com a peste em partes da Califórnia. Felizmente, o Japão se rendeu duas semanas antes do ataque planejado.

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Segunda Guerra Mundial: Alemanha -

Hitler estava convencido de que os americanos iriam usar o besouro da batata do Colorado para destruir as plantações alemãs, então eles começaram a criá-los para poder estudá-los. O experimento nazista rapidamente se transformou em um plano ofensivo, que foi testado em campos em Speyer, na Alemanha.

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Segunda Guerra Mundial: Aliados -

Acontece que as preocupações de Hitler tinham fundamento. Em 1942, os EUA realmente enviaram 15.000 besouros ao Reino Unido para serem estudados como arma biológica. Segundo consta, os franceses estavam pesquisando os besouros desde 1939 e realizando testes.

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Besouros no pós-guerra -

Em 1950, o governo da Alemanha O riental acusou os americanos de lançar besouros de batata em seus campos para sabotar suas plantações. "Não há nenhuma base factual para a história sobre os besouros ianques", disse Erhard Geissler, especialista em guerra biológica do Centro Max Delbruck de Medicina Molecular.

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Guerra da Coreia -

Durante a Guerra da Coreia, os chineses alegaram que os americanos estavam usando caças P-51 para espalhar "moscas antomiídeas (Anthomiidae) portadoras de doenças, colêmbolos e moscas-das-pedras". Os Estados Unidos negaram as acusações.

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Operação "Grande Coceira" -

Em 1954, as forças armadas dos Estados Unidos realizaram testes para verificar se as pulgas poderiam ser colocadas em bombas e lançadas do ar. A Operação Big Itch (tradução livre "Grande Coceira") foi realizada em Dugway Proving Ground, em Utah, um local conhecido por ser usado para testes de armas e experimentos com agentes químicos e biológicos.

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Operação "Grande Coceira" -

Para o teste, eles primeiro usaram pulgas de ratos tropicais não infectadas. O fato de as pulgas não serem portadoras de nenhuma doença foi uma boa notícia para o piloto, o copiloto e o pessoal a bordo do avião, pois algumas pulgas escaparam e os picaram.

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Operação "Grande Coceira" -

A operação foi bem-sucedida no final, e a recomendação foi que "a pesquisa contínua de guerra biológica com vetores artrópodes aparentemente se justifica", de acordo com os arquivos oficiais não confidenciais. Mas como as pulgas se mostraram muito difíceis de controlar, os EUA voltaram a focar suas pesquisas em mosquitos.

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Operação "Grande Zumbido" -

A Operação Big Buzz (ou Grande Zumbido em português), realizada em 1955, tinha como objetivo simular um ataque baseado em mosquitos. Para isso, centenas de milhares de mosquitos Aedes aegypti (muito conhecido no Brasil por ser transmissor da dengue e da febre amarela) foram lançados em uma área da Geórgia (EUA). Embora a operação tenha sido projetada para testar os efeitos de uma possível disseminação de doenças, os mosquitos não estavam infectados.

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Operação "Grande Zumbido" -

Porquinhos-da-índia e voluntários humanos foram usados como cobaias. O teste foi um sucesso, mas seu uso em uma guerra real seria bastante caro, de acordo com um relatório do Exército dos Estados Unidos de 1981.

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Operação "Grande Zumbido" -

O relatório constatou que seriam necessários cerca de 225 mil mosquitos infectados para atacar um batalhão. Isso teria um custo aproximado de US$ 27 mil (cerca de R$146.610,00, considerando a cotação de 19 de agosto de 2024, de R$ 5,43 por dólar).

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Bioterrorismo -

Em 1989, um surto de mosca-do-mediterrâneo (ou mosca-das-frutas-do-mediterrâneo) na Califórnia causou grande preocupação às autoridades. Essas moscas, conhecidas por causar danos significativos às frutas, resultaram em prejuízos de milhões de dólares e levaram à implementação de vários programas de erradicação. No entanto, essa infestação foi particularmente grave e não se tratava de um evento comum.

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Bioterrorismo -

Em dezembro de 1989, vários políticos e meios de comunicação da Califórnia receberam uma carta de um grupo chamado "The Breeders" (Os Criadores em tradução livre), alegando ser responsável pelo surto de mosca-mediterrânea. O ataque foi uma retaliação aos danos causados pela pulverização aérea do inseticida Malathion pelo estado.

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Bioterrorismo -

A carta do grupo fazia referência à estratégia para enfrentar a infestação de moscas-do-mediterrâneo na Califórnia. A mensagem afirmava: "Toda vez que os helicópteros subirem para pulverizar, entraremos em território virgem ou em áreas com problemas antigos de moscas-do-mediterrâneo (Medflies) e liberaremos um mínimo de vários milhares de moscas com olhos azuis. Somos organizados, pacientes e determinados". A declaração reflete uma abordagem ousada e provocativa para lidar com a praga, evidenciando a frustração com as medidas de controle e sua determinação em chamar a atenção para a questão.

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Bioterrorismo -

Em março de 1990, o estado da Califórnia interrompeu seu programa de pulverização aérea com Malathion, um pesticida usado para combater a infestação de moscas-do-mediterrâneo. Em troca, as autoridades adotaram uma abordagem alternativa de controle de pragas: a introdução de moscas medidoras esterilizadas. Essa técnica envolve a liberação de moscas-do-mediterrâneo machos esterilizados na natureza. Quando esses machos esterilizados se acasalam com fêmeas, os ovos resultantes não eclodem, reduzindo assim a população de moscas.

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Guerra às Drogas -

Em 1990, o governo Bush pensou em convocar a Eloria noyesi, a mariposa da coca, para a Guerra às Drogas. A ideia era lançar milhões de lagartas comedoras de coca nos campos de coca da Bolívia e do Peru.

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Guerra às Drogas -

A Bolívia rejeitou a ideia por causa dos danos que causaria ao ecossistema local. Mais tarde, a Colômbia analisou a ideia, mas acabou abandonando-a pelos mesmos motivos. Não há evidências de que os EUA tenham levado o plano adiante.

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Insetos Aliados -

O "Insetos Aliados" é um programa da DARPA (Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa), uma agência do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. O objetivo do programa é pesquisar o uso de insetos como vetores para edição genética. Isso significa que os insetos podem ser utilizados para transportar vírus que têm a capacidade de editar geneticamente as plantas. O conceito visa melhorar a resistência das culturas a doenças e estresses ambientais, utilizando técnicas avançadas de engenharia genética para aumentar a segurança alimentar.

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Insetos Aliados -

Embora o programa pareça promissor, há preocupações de que ele possa ser usado indevidamente para o desenvolvimento de armas biológicas.

Fontes: (Montana State University) (History) (Entomology Today) (The Smoking Gun) (The Guardian) (BBC) (Grunge) 

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