O que sabemos sobre essas aparições, os milagres e as previsões da santa?
Em 17 de maio de 2024, a Rússia lançou uma nave Soyuz 2.1b. Analistas de defesa americanos dizem que o veículo carrega satélite capaz de atacar outras sondas semelhantes. Isso é mais uma prova de que o espaço está sendo militarizando.
Em 24 de abril de 2024, a Rússia vetou uma resolução da ONU apoiada pelos Estados Unidos e pelo Japão apelando a todas as nações para evitarem uma perigosa corrida armamentista nuclear no espaço sideral. A Rússia se opôs à moção; A China absteve-se.
A embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, lembrou após a votação que o presidente Putin havia indicado anteriormente que Moscou não tinha intenção de implantar armas nucleares no espaço, mas questionou: "Por que, se você está seguindo as regras, você não iria apoiar uma resolução que reafirme [essa pretensão]?".
Putin estava respondendo à confirmação da Casa Branca, em fevereiro de 2024, de que a Rússia obteve uma capacidade "preocupante" de armamento anti-satélite, embora tal arma ainda não esteja operacional. De forma confusa, a própria Rússia divulgou uma resolução da ONU, apelando a todos os países para que tomassem medidas urgentes para evitar a colocação de armas no espaço exterior "para sempre", uma semana depois de ter vetado a resolução EUA-Japão. Então o que está acontecendo?
Em maio de 2024, o presidente russo Vladimir Putin encontrou-se com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, na China, aparentemente para fortalecer os laços estratégicos e pessoais entre as duas nações e para procurar uma alternativa à influência global dos EUA.
Sete meses antes, em 23 de outubro de 2023, a Rússia havia lançado ao espaço, a partir do cosmódromo de Plesetsk, um foguete Soyuz transportando dois satélites de reconhecimento – Cosmos-2570 e Cosmos-2571.
Em 28 de dezembro de 2023, o X-37B da América decolou do Cabo Canaveral. O X-37B, também conhecido como Veículo de Teste Orbital, é uma espaçonave robótica reutilizável que, após ser impulsionada ao espaço por um veículo de lançamento, pode reentrar na atmosfera da Terra e pousar como um avião espacial.
Quinze dias antes, o avião espacial robótico reutilizável da China, Shenlong, ou "dragão divino", foi lançado.
Ainda mais cedo, em 9 de dezembro de 2023, um foguete chinês Zhuque-2 Y-3 transportando três satélites – Honghu, Honghu-2 e TY-33 – decolou do Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan.
Então, em 28 de janeiro de 2024, o Irã disse ter lançado simultaneamente três satélites em meio a conflitos regionais usando um foguete Simorgh. O lançamento foi imediatamente condenado por vários países do Ocidente, que há muito acusam o Irã de utilizar lançamentos de satélites para promover o seu programa de mísseis balísticos de longo alcance.
E como que para lembrar ao mundo a sua própria capacidade militar espacial, em janeiro de 2020, a Índia exibiu um sistema de armas anti-satélite DRDO em Nova Déli como parte das celebrações do Dia da República.
O acesso ao espaço hoje é mais barato do que nunca, em grande parte graças aos foguetes de baixo custo projetados, fabricados e lançados pela SpaceX.
E o espaço deverá ficar ainda mais "lotado". O Projeto Kuiper, por exemplo, é uma iniciativa da Amazon para aumentar o acesso global à banda larga através de uma constelação de 3.236 satélites em órbita baixa da Terra.
E aqui está uma estatística interessante. O número de satélites orbitados com sucesso em 2023 atingiu um recorde de 2.917, contra 2.485 em 2022 e apenas 216 em 2016. Destes, apenas 66 pertencem e/ou são operados por militares, de acordo com a Breaking Defense.
Mas à medida que os países correm para desenvolver novas capacidades no espaço, o receio é que alguns também estejam a construir forças e armas para lutar fora da atmosfera.
O lançamento pela União Soviética do Sputnik 1, o primeiro satélite artificial da Terra, em 4 de outubro de 1957, pegou os Estados Unidos de surpresa, desencadeando a Corrida Espacial.
Dez anos depois, enquanto a Guerra Fria avançava, o Tratado do Espaço Exterior foi assinado. Este tratado multilateral "proíbe o estacionamento de armas de destruição em massa no espaço sideral, proíbe atividades militares em corpos celestes e detalha regras juridicamente vinculativas que regem a exploração pacífica e o uso do espaço", segundo a Associação de Controle de Armas. No entanto, o documento não fazia referência sobre armas convencionais.
Em 1983, a Iniciativa Estratégica de Defesa (SDI) foi anunciada pelo presidente dos EUA, Ronald Reagan. Rapidamente apelidado de "Guerra nas Estrelas", o SDI pretendia defender os Estados Unidos do ataque de mísseis balísticos intercontinentais soviéticos, interceptando os mísseis em várias fases do seu voo. O presidente é retratado com um adesivo que diz: "A SDI pode arruinar o dia inteiro de uma bomba nuclear".
Dois anos depois, em 23 de setembro de 1985, foi criado o Comando Espacial dos Estados Unidos (SPACECOM). O SPACECOM é responsável pelas operações militares no espaço sideral.
O programa SDI recebeu mais de 23 mil milhões de dólares da administração Reagan. Em 1989, foram atribuídos 17% de todo o orçamento do Departamento de Defesa.
A SDI envolvia muitas camadas de tecnologia que permitiriam aos Estados Unidos identificar e destruir automaticamente um grande número de mísseis balísticos à medida que eram lançados, voavam e se aproximavam dos seus alvos.
Embora em grande parte tenha bases no solo e no mar, com canhões laser disparados de um centro de comando para o espaço, a SDI também propôs estações de batalha com sedes no espaço.
Um dos conceitos mais estranhos foi o sistema de defesa contra mísseis balísticos Brilliant Pebbles. O Brilliant Pebbles seria uma espaçonave pequena e leve que poderia impedir mísseis balísticos avançados lançados pelos soviéticos.
Outra ideia ousada foi o Homing Overlay Experiment (HOE), que em tradução livre significa Experimento de Sobreposição de Localização. O HOE usava um veículo cinético de destruição (KKV) projetado para destruir um míssil balístico e foi de fato bem-sucedido na interceptação de uma ogiva simulada de míssil balístico fora da atmosfera da Terra. O KKV empregava um esqueleto de guarda-chuva, ou "serra circular", para colidir com um míssil ao reentrar na atmosfera da Terra.
Em última análise, a Iniciativa Estratégica de Defesa dos EUA (SDI) revelou-se demasiada cara e impossível de tornar realidade. No início da década de 1990, com o fim da Guerra Fria e a redução dos arsenais nucleares, o apoio político foi caindo. O programa foi cancelado em 1993. O SPACECOM, entretanto, continuou a operar.
O SPACECOM foi posteriormente desativado em 2002, e as suas responsabilidades e forças fundiram-se no Comando Estratégico dos Estados Unidos. No entanto, ele foi restabelecido em agosto de 2019, com um foco reenfatizado no espaço como domínio de combate. Hoje, o SPACECOM monitora cerca de 15 lançamentos diários de mísseis, da Ucrânia ao Iraque e à Coreia do Norte.
Foi a invasão da Ucrânia pela Rússia que abriu um novo capítulo na guerra espacial. O conflito impulsionou uma corrida por vantagens táticas e estratégicas através da tecnologia. Mas o maior medo dos Estados Unidos a é a China.
Aviões espaciais chineses, como o já mencionado Shenlong, ou "dragão divino", são vistos como a maior ameaça. A capacidade dos aviões espaciais de realizar missões longas, entregar e capturar cargas úteis, mudar de órbita e regressar à Terra para reabastecer torna-os armas potencialmente importantes.
E os satélites Cosmos 2570 e 2571, da Rússia, foram descritos pelos comandantes americanos como "bonecos de nidificação", com tais coisas parecendo um teste de um "veículo de matar". Simplificando em outras palavras: um projétil para destruir satélites.
E o que dizer da última incursão da China à Lua? Em 3 de maio de 2024, foi lançada a Chang'e-6 com a missão de obter uma amostra de solo e rocha do outro lado da Lua. O lançamento marcou a primeira de três missões não tripuladas à superfície lunar planejadas pela China nesta década e é vista como a última etapa do programa de exploração espacial do país que compete com os EUA.
Por seu lado, os Estados Unidos planejam enviar astronautas de volta à Lua pela primeira vez desde 1972. O principal objetivo do programa Artemis, liderado pela NASA, é estabelecer uma base permanente na Lua para facilitar as missões humanas à Marte.
A perspectiva de se tornar um ator neste admirável mundo novo levou uma série de start-ups a direcionarem os seus esforços para ajudar os Estados Unidos a vencer uma guerra no espaço, concebendo novas naves espaciais e veículos inovadores, a exemplo do inovador ônibus satélite Supernova. Construído pela Portal Space Systems, com sede em Seattle, seus projetistas prometem agilidade orbital aprimorada e um alcance 50 vezes maior do que a espaçonave atual.
Entretanto, a batalha pela supremacia militar no espaço exterior continua. A SPACECOM já apelou aos EUA para se tornarem "administradores do espaço militar" através do seu programa "Visão para 2020". Hoje, os seus objetivos permanecem os mesmos: "Integrar as forças espaciais nas capacidades de combate em todo o espectro de conflitos".
Fontes: (Associated Press) (Russian Forces) (Space) (Vox) (Arms Control Association) (US Department of State) (Centre for Emerging Technology and Security) (The Economist) (Global Security Institute)
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A notícia de que a Rússia provavelmente lançou uma arma anti-satélite alarmou os analistas militares ocidentais. De acordo com a BBC, a agência espacial estatal russa Roscosmos afirma que seu veículo Soyuz-2.1b foi usado no lançamento de 17 de maio de 2024, acrescentando que isso foi feito "no interesse do Ministério da Defesa". Os EUA acreditam que o satélite pode ser capaz de atacar outras sondas semelhantes.
O anúncio surge na sequência de avisos expressos por vários especialistas militares de que o espaço será provavelmente a próxima fronteira da guerra num mundo cada vez mais dependente da tecnologia. Mas estaremos realmente entrando numa nova era de "Guerra nas Estrelas", onde o conflito no espaço já não é ficção científica?
Clique na galeria para saber mais sobre a corrida espacial dos Estados Unidos com a Rússia, a China e outros países.
Uma guerra no espaço está mais perto do que você imagina
Estarão sendo traçadas novas linhas de batalha além da atmosfera da Terra?
LIFESTYLE Conflito
A notícia de que a Rússia provavelmente lançou uma arma anti-satélite alarmou os analistas militares ocidentais. De acordo com a BBC, a agência espacial estatal russa Roscosmos afirma que seu veículo Soyuz-2.1b foi usado no lançamento de 17 de maio de 2024, acrescentando que isso foi feito "no interesse do Ministério da Defesa". Os EUA acreditam que o satélite pode ser capaz de atacar outras sondas semelhantes.
O anúncio surge na sequência de avisos expressos por vários especialistas militares de que o espaço será provavelmente a próxima fronteira da guerra num mundo cada vez mais dependente da tecnologia. Mas estaremos realmente entrando numa nova era de "Guerra nas Estrelas", onde o conflito no espaço já não é ficção científica?
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