O Vodu traz na mente de muita gente imagens sinistras e desagradáveis de rituais estranhos que celebram os recém falecidos e os mortos-vivos. Mas na verdade, o Vodu é uma visão de mundo que abrange filosofia, medicina e justiça. Sua reputação como uma religião macabra é em grande parte injusta. Porém, essa continua sendo uma fé pouco ortodoxa e incompreendida e, na maior parte das vezes, até secreta!
Na galeria, descubra as origens e histórias do Vodu.
Alguns antropólogos estimam que as raízes do Vodu estejam no Benim — anteriormente Daomé — na África Ocidental, há 6.000 anos. A palavra Vodu significa "espírito" ou "divindade" na língua Fom do antigo reino africano de Daomé.
Além do Benim, o Vodu também era praticado pelos povos Eué, Kabyé e Mina do sul e centro do Togo. Os Iorubás do sudoeste da Nigéria também abraçavam o Vodu.
Vodu é uma religião tradicional afro-haitiana. O termo pode ser escrito de várias formas, como Vudu, Voodoo, Vodum, Vodou ou Vaudou em francês. A crença se originou com os escravizados que foram levados da África Ocidental para o Haiti (até então então chamado de Saint-Domingue) no século XVIII.
O Vodu Haitiano é um sincretismo (uma fusão de diferentes religiões, culturas ou escolas de pensamento) da religião Vodu da África Ocidental com o Catolicismo feito pelos descendentes dos daomés, congos, iorubás e outros grupos étnicos.
A Revolução Haitiana, efetivamente uma rebelião de escravos que ocorreu em 21 de agosto de 1791, foi uma insurreição bem sucedida feita por escravizados auto-libertados contra o domínio colonial francês em Saint-Domingue. Muitas pessoas que fugiram do derramamento de sangue chegaram à Louisiana, levando consigo o Vodu Haitiano. Mas a influência francesa na região ainda prevalecia.
Em 1682, o explorador, colono e comerciante francês René-Robert Cavalier desceu o rio Mississipi até o Golfo do México, para reivindicar todo o vale como pertencente ao Rei Luís XIV da França e nomear toda a região como Louisiana.
Muitos desses ex-escravos escolheram se estabelecer em Nova Orleans, que posteriormente se tornou o centro do Vodu em Louisiana.
Esta ilustração mostra um plantador da Louisiana mostrando um amuleto vodu para trabalhadores de plantações apreensivos em 1886. O Vodu de Louisiana tinha brancos entre seus participantes.
Sem dúvida, a praticante mais conhecida do Vodu de Louisiana foi Marie Laveau, uma herbalista e parteira que era renomada em Nova Orleans. Seu suposto túmulo é uma grande atração de visitantes. Outro dos praticantes mais proeminentes de meados do século XIX foi Jean Montanée ou "Dr. John", um homem negro livre que vendia curas e outros materiais para vários clientes. Esta pintura de Laveau pode ser admirada no Museu do Estado da Louisiana em Nova Orleans.
Vodu é uma visão de mundo que abrange filosofia, medicina, justiça e religião. Ele ensina uma crença em um ser supremo chamado Bondyé, o deus criador no Vodu Haitiano, também conhecido como Bonié ou o Grand Mèt.
No Vodu haitiano, os Loás (também escrito Lwa) servem como intermediários entre a humanidade e Bondyé. Na foto está um dos símbolos religiosos únicos (conhecidos como vèvè ou vevê) usados para identificar cada Loá.
Os Loás da família Guédé (ou Guedé ou Guedê) estão associados com o reino dos mortos. O chefe da família é o Baron Samedi, ou "Barão Sábado". Ele geralmente é retratado usando um chapéu e casaco preto.
O Baron Samedi é conhecido pela perturbação, obscenidade, deboche e por ter um gosto particular por tabaco e rum. Além de ser o mestre dos mortos, o Baron Samedi também é um doador de vida e é por isso que os rituais de Vodu Haitianos incluem rezar em uma cruz — símbolo deste soberano haitiano — já que ele pode curar mortais de qualquer doença ou ferida... se ele assim desejar!
Rituais e cerimônias haitianas ocorrem num templo Vodu dedicado ou hounfour. Na foto está um houngans (sacerdote vodu masculino) parado do lado de fora de seu templo.
A posse espiritual constitui um elemento importante do Vodu Haitiano. As imagens dos adoradores aparentemente possuídos quando entram em traanse são responsáveis por destacar o lado mais sombrio e ambíguo da religião. Aqui, uma moça participa de uma dança dedicada ao deus serpente, Dambalá.
Esta gravura colorida remonta ao final do século XIX e mostra uma dança vodu acontecendo em uma casa de Nova Orleans. Note as pessoas brancas na plateia, testemunho do apelo interracial do Vodu de Louisiana.
Amuletos conhecidos como gris-gris, criados para prejudicar ou ajudar, são bastante presentes na cultura Vodu. Na foto está uma cruz de madeira cravada com pregos e encantos especiais. Apesar de sua aparência às vezes sinistra, gris-gris geralmente indicam um feitiço destinado a influenciar eventos, e não para causar danos corporais.
Esta fotografia de 1955 mostra gris-gris em exibição no histórico Museu da Farmácia em Nova Orleans.
Na imagem vemos uma reunião Vodu no Haiti, onde uma cabra é preparada como sacrifício para um Loá. Nutrir um Loá tem grande significado e ritos como estes são muitas vezes denominados manger-loá ("alimentando Loá"). O Vodu Haitiano ainda é amplamente praticado hoje: esta pintura remonta a 1992.
Seguidores do Vodu Haitiano se banham numa piscina sagrada durante uma cerimônia de Vodu de Páscoa em Souvenance, um subúrbio de Gonaives, no Haiti, em abril de 2018.
O Vodu de Louisiana, entretanto, não faz sacrifícios, embora ainda seja possível encontrar altares como este onde oferendas são feitas para um Loá.
Embora o uso do termo "boneco vodu" sugira que a prática esteja ligada ao Vodu Haitiano ou ao Vodu de Louisiana, não é facilmente visto em nenhum deles. Em vez disso, o boneco é um dos aspectos mais sensacionalistas de uma religião muitas vezes incompreendida.
Os visitantes de Nova Orleans podem ter uma melhor ideia da religião Vodu visitando a fascinante coleção abrigada no Museu Histórico Vodu de Nova Orleans.
A crença Vodu em zumbis e no sacrifício animal é real. Por exemplo, algumas pessoas em Porto Príncipe, capital do Haiti, acreditam que os corpos são desenterrados do cemitério da cidade e transformados em mortos-vivos.
Hollywood há muito tempo capturou a imaginação dos cinéfilos com filmes temáticos em torno do vodu e do culto a zumbis.
Lembra-se do Baron Samedi? O chefe da família Guédé ficou famoso na pele do ator Geoffrey Holder no filme de James Bond de 1973 'Com 007 Viva e Deixe Morrer'.
'Coração Satânico' (1987), ambientado em Nova Orleans, conta a história de Harry Angel (Mickey Rourke) envolvido na adoração ao diabo e ao oculto, práticas certamente não representativas do Vodu de Louisiana ou do Haitiano.
Esta é a letra de 'Voodoo Child', escrita à mão por Jimi Hendrix e em exibição no Hendrix Flat, um apartamento em Londres onde o lendário cantor e compositor norte-americano viveu em 1968-69 e que foi restaurado como um museu pelo Handel House Trust.
Em 1994, os Rolling Stones lançaram 'Voodoo Lounge' e posteriormente fizeram uma turnê mundial para promover o álbum. Para entrar no espírito da ocasião, Mick Jagger se vestiu como o Baron Samedi no palco.
O já citado Jean Montanée, ou "Dr. John", foi encarnado pelo músico Malcolm John Rebennack Jr., que tem o nome artístico Dr. John e cujo álbum de estreia recebeu o nome de 'Gris-Gris'.
Fontes: (Live Science) (BlackPast) (Britannica)
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LIFESTYLE Voodoo
O Vodu traz na mente de muita gente imagens sinistras e desagradáveis de rituais estranhos que celebram os recém falecidos e os mortos-vivos. Mas na verdade, o Vodu é uma visão de mundo que abrange filosofia, medicina e justiça. Sua reputação como uma religião macabra é em grande parte injusta. Porém, essa continua sendo uma fé pouco ortodoxa e incompreendida e, na maior parte das vezes, até secreta!
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