Porque a Realeza Britânica se recusa a devolver o corpo deste príncipe africano? -

O Palácio de Buckingham emitiu um comunicado recusando o pedido de devolução dos restos mortais do Príncipe Alemayehu à sua terra natal, a Etiópia. O Príncipe, que foi levado para o Reino Unido em 1800 como um órfão de sete anos, morreu aos 18 e desde então está enterrado na Capela de São Jorge, no Castelo de Windsor. Mas quanto sabemos sobre o Príncipe etíope e por que a Família Real britânica se recusa a atender ao pedido da Etiópia?

Nesta galeria, exploramos a história do Príncipe Alemayehu e como foi sua vida e morte em solo britânico. Clique para descobrir mais sobre este fascinante capítulo da história que quase ninguém conhece.

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Origem -

Alemayehu Simyen Tewodoros, mais conhecido como Príncipe Alemayehu, nasceu em 23 de abril de 1861, em Magdala, no Império Etíope.

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Raízes -

O título militar do Príncipe Alemayehu era Dejazmach, e ele era membro da dinastia salomônica.

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Mãe -

A mãe do Príncipe Alemayehu era Tiruwork Wube, também conhecida como Rainha Terunesh. A soberana era a Imperatriz Consorte da Etiópia.

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Pai -

O Príncipe Alemayehu era filho do Imperador Tewodros II, que governou de 1855 a 1868.

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Conflito -

Em 1862, Tewodros II escreveu à Rainha Vitória sua intenção de fazer uma aliança. Suas cartas ficaram sem resposta, então o imperador manteve alguns europeus como reféns (foto), incluindo o cônsul britânico.

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O imperador é derrotado durante a expedição britânica à Abissínia -

Os britânicos enviaram 13 mil soldados britânicos e indianos para resgatá-los, no que ficou conhecido como a Expedição Britânica à Abissínia. O Imperador Tewodros II então tirou a própria vida depois de ser derrotado pelos britânicos em 1868.

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Pilhagem -

Após a derrota, os britânicos saquearam inúmeros tesouros, incluindo artefatos culturais e religiosos.

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O príncipe e sua mãe -

A imperatriz e seu filho, o Príncipe Alemayehu, foram capturados pelas forças britânicas e levados para a Inglaterra.

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A imperatriz não resistiu à viagem -

A mãe do príncipe morreu na viagem para a costa. Ela foi enterrada no Mosteiro de Sheleqot, na província de Tigrai, na Etiópia.

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Um cuidador para o príncipe -

O Príncipe Alemayehu, no entanto, conseguiu chegar ao barco. Ele foi levado aos cuidados do Capitão Tristram Speedy.

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Capitão Tristram Speedy -

O Capitão Tristram Speedy era um explorador e aventureiro inglês. Ele se juntou a várias expedições e serviu como oficial do exército durante a era vitoriana.

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Um novo lar -

O novo lar do Príncipe Alemayehu passou a ser a casa do Capitão Tristram Speedy na Ilha de Wight. Ele se mudou para a Índia com Speedy e sua esposa por alguns anos e depois voltou para a Inglaterra para estudar.

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Apresentação à Rainha Vitória -

Pouco depois de chegar ao país, o Príncipe Alemayehu conheceu a Rainha Vitória em Osborne House. A monarca britânica se interessou pelo órfão de sete anos e decidiu que o pequeno príncipe deveria ter uma educação formal.

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Educação -

O príncipe foi colocado primeiro na Lockers Park School e depois enviado para o Cheltenham College, onde foi educado sob os cuidados do diretor Thomas Jex-Blake.

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Educação -

Em 1875, o Príncipe Alemayehu foi enviado para a Rugby School e, três anos depois, ingressou na escola de treinamento de oficiais no Royal Military College em Sandhurst.

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Educação -

O Príncipe Alemayehu acabou tendo aulas particulares por Cyril Ransome (pai do famoso autor Arthur Ransome) em sua casa em Leeds.

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Doença e morte -

Tragicamente, em 1879, o príncipe contraiu uma grave doença pulmonar (possivelmente pleurisia ou pneumonia) e morreu seis semanas depois. Ele tinha apenas 18 anos.

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Rainha Vitória lamentou sua morte -

A Rainha Vitória escreveu sobre a morte do jovem príncipe em seu diário pessoal. Suas palavras foram as seguintes: "Muito triste e chocada ao ver por telegrama que o bom Alemayehu faleceu esta manhã. É muito triste! Completamente sozinho, em um país estranho, sem uma única pessoa ou parente pertencente a ele".

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Rainha Vitória lamentou sua morte -

"Sua vida não foi feliz, cheia de dificuldades de todo tipo, e era tão sensível, pensando que as pessoas o encaravam por causa de sua cor ... Todos lamentam muito", acrescentou a Rainha Vitória.

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Enterro -

A Rainha então providenciou para que o corpo do Príncipe Alemayehu fosse enterrado nas catacumbas da Capela de São Jorge no Castelo de Windsor.

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Funeral -

O funeral ocorreu em 21 de novembro de 1879. Uma placa comemorativa pode ser encontrada na nave da Capela de São Jorge dizendo: "Eu era um estranho e você me acolheu."

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Pedido etíope de devolução dos restos mortais do Príncipe Alemayehu -

Em 2007, o governo etíope solicitou ao Palácio de Buckingham que devolvesse o corpo de Príncipe Alemayehu para ser enterrado novamente na Etiópia.

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O pedido de repatriamento do corpo do príncipe foi recusado -

Uma declaração do Palácio de Buckingham à BBC de maio de 2023 diz: "O Reitor e os Cônegos de Windsor são muito sensíveis à necessidade de honrar a memória do Príncipe Alemayehu. No entanto, eles foram informados de que é muito improvável que seja possível exumar os restos mortais sem perturbar o local de descanso de um número substancial de outras pessoas nas proximidades".

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O pedido de repatriamento do corpo do príncipe foi recusado -

"Conscientes da responsabilidade de preservar a dignidade do falecido, lamentamos que não seja possível concordar com o pedido, mas nos últimos anos atendemos pedidos de delegações etíopes para visitar São Jorge [a capela] e continuaremos a fazê-lo".

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A Etiópia e sua família o querem de volta -

"Nós o queremos de volta. Não queremos que ele permaneça em um país estrangeiro. Ele teve uma vida triste. Quando penso nele, choro. Se eles concordarem em devolver seus restos mortais, pensarei nisso como se ele voltasse para casa vivo", compartilhou o descendente real etíope Abebech Kasa com a BBC.

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A Etiópia e sua família o querem de volta -

"Queremos seus restos mortais de volta como família dele e como etíopes, porque esse não é o país em que ele nasceu. Não era certo que ele fosse enterrado no Reino Unido", disse o descendente real Fasil Minas.

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Relações britânicas e etíopes -

"A restituição é usada como uma forma de reconciliação, de reconhecer o que houve de errado no passado", e atender ao pedido seria "uma forma de a Grã-Bretanha repensar seu passado", explicou a professora Alula Pankhurst, especialista em relações britânicas e etíopes, à BBC.

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Uma história emotiva -

"De forma emotiva, a maioria das pessoas que conhece a história de Alemayehu sente que seus restos mortais deveriam ser devolvidos. Ele deixou tão claro antes de morrer que queria voltar", disse Andrew Heavens, autor de 'The Prince and the Plunder', à NBC News. 

Fontes: (BBC) (People) (NBC News) (Reuters) (allaboutETHIO) 

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