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António Salazar (1889–1970) -

Desde 1933, Portugal estava sob o regime autoritário de António Salazar, que liderou o regime do Estado Novo como ditador.

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Guerra colonial portuguesa -

Inspirado por ideologias conservadoras e autocráticas, o Estado Novo supervisionou a expansão colonial de Portugal na África e na Ásia. Em 1961, Salazar iniciou uma dispendiosa e prolongada guerra colonial que convocou os soldados de Portugal para lutarem contra os movimentos nacionalistas emergentes nas suas colónias africanas. A fotografia mostra as tropas portuguesas embarcando no Vera Cruz em 5 de maio de 1961, com destino a Angola.

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Conflito na África -

Angola e Moçambique eram os dois maiores territórios ultramarinos portugueses em África. As então colônias foram ocupadas pelos militares do país durante o regime do Estado Novo. Nesta imagem, soldados portugueses em patrulha na região de Tete, em Moçambique, descobrem uma mina terrestre, colocada por guerrilheiros.

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Guerra impopular -

No início dos anos 1970, a guerra tornou-se cada vez mais impopular devido à sua enorme duração e custos financeiros. Episódios sangrentos como o Massacre de Wiriyamu de dezembro de 1972, no qual até 300 civis foram assassinados por soldados portugueses, efetivamente viraram a opinião pública contra o regime e serviram para fortalecer a determinação dos exércitos rebeldes (foto) em livrar o continente de seus agressores.

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Marcelo Caetano (1906–1980) -

Curiosamente, Salazar foi afastado do poder em 1968 após uma queda de uma cadeira. O ditador, que morreu em 1970, sofreu lesões cerebrais que obrigaram o regime a buscar o substituto. Seu sucessor, Marcelo Caetano, foi primeiro-ministro de 1968 a 1974, quando foi deposto durante o que ficou conhecido como a Revolução dos Cravos.

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Agitação -

Com a revolução chegou ao fim as aspirações coloniais de Portugal e deu-se o início da transição do país para a democracia. Milhares de cidadãos portugueses acabariam por fugir da África depois que a guerra civil tomou conta de Angola e Moçambique. Na foto, em 1975, estão ex-residentes de Luanda, desesperados para sacarem suas economias do banco nacional de Angola.

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O que foi a Revolução dos Cravos? -

A revolução foi um golpe militar de oficiais militares de esquerda que derrubaram o desprezado e desacreditado regime do Estado Novo. Foi organizado pelo Movimento das Forças Armadas (MFA), constituído por ex-militares coloniais descontentes e chefiado por Otelo Saraiva de Carvalho (1936-2021).

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Como foi iniciada a revolução? -

Na manhã de 25 de abril de 1974, a Rádio Renascença transmitiu 'Grândola, Vila Morena', uma canção do influente músico político e cantor Zeca Afonso. Este foi o sinal secreto que mobilizou o MFA para assumir pontos estratégicos de poder em todo o país.

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Dia histórico -

Um segundo anúncio de rádio alertou centenas de milhares de portugueses atônitos para a percepção de que uma nova fase em sua longa história havia começado. Logo, os tanques surgiram nas ruas de Lisboa.

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Teve apoio do povo -

Em Lisboa, o MFA apoderou-se das estações de rádio e televisão nacionais, do aeroporto e do Banco de Portugal, entre outros pontos estratégicos. Milhares de pessoas se reuniram nas ruas da capital para aplaudir, acenar e – principalmente – apoiar os insurgentes militares. Cenas semelhantes aconteceram no Porto, a segunda maior cidade de Portugal.

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Por que é chamada de Revolução dos Cravos? -

A revolução deve o seu nome a uma trabalhadora de restaurante chamada Celeste Martins Caeiro. Uma celebração planejada para marcar o primeiro aniversário do restaurante foi cancelada por causa dos eventos que se desenrolavam na capital. Cravos vermelhos e brancos foram encomendados pelos proprietários como presentes para clientes fiéis. Em vez de as desperdiçar, Celeste Caeiro recolheu as flores e voltou a pé para casa. Quando ela encontrou um grupo de soldados na rua, ela entregou a cada um deles um cravo. Eles então colocaram as flores na boca de seus rifles.

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Símbolo da revolução -

A imagem de um cano de rifle brotando um cravo vermelho rapidamente se tornou o símbolo da revolução. A ideia foi copiada e vendedores de flores de todos os lugares doaram mais cravos para enfeitar os soldados amotinados e suas armas.

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Paz... e retribuição! -

A Revolução dos Cravos em Portugal é conhecida por ter acontecido quase sem que um tiro tivesse sido disparado. A flor passou a representar uma transição pacífica de poder. Mas nem todos saíram ilesos.

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A força da PIDE -

A longa ditadura de Salazar foi imposta em parte por uma organização chamada PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado). Modelada na Gestapo da Alemanha nazista, essa obscura força policial perseguia os oponentes do regime, que frequentemente eram torturados, presos ou mortos. Os agentes da PIDE foram rapidamente identificados pelo MFA e imediatamente detidos. 

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Fatalidades -

Pressentindo o destino que os esperava, vários agentes da PIDE refugiaram-se no quartel da polícia. Cercados por uma multidão enfurecida, eles abriram fogo contra a multidão, matando quatro pessoas e deixando dezenas de feridos. Estas foram as únicas vítimas fatais da revolução. Eventualmente capturados, os agentes foram presos e posteriormente julgados por assassinato.

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A revolução ganha ritmo -

À medida que o dia avançava, todos pareciam querer ver o regime cair. Outras milhares de pessoas entraram em Lisboa, agitando bandeiras e exibindo buquês de cravos simbólicos.

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Tropas do Governo juntam-se ao MFA -

A Praça do Rossio, no centro de Lisboa, tornou-se uma espécie de ponto de encontro para muitos ao receber caminhões do MFA e, agora, soldados do governo que entregavam as armas para se juntar à revolução.

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O governo cai -

Na confusão, o primeiro-ministro Marcelo Caetano e vários ministros do governo fugiram para o quartel do Carmo, no centro da cidade. Em uma das poucas ocasiões em que o MFA descarregou suas armas, tiros foram disparados contra o prédio, para amedrontá-los até a submissão. Aceitando a derrota, Caetano rendeu-se e aceitou negociar.

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General António de Spínola (1910–1996) -

O primeiro-ministro cedeu o poder ao general António de Spínola. Veterano da guerra colonial, Spínola vinha falando cada vez mais sobre a conduta do governo na África. Militar de carreira, Spínola foi escolhido como representante oficial do MFA. Desempenhou um papel importante na transição de Portugal para a democracia e foi brevemente presidente da República, de 15 de maio de 1974 a 30 de setembro do mesmo ano.

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Livre da ditadura -

À medida que a poeira baixava em Portugal, começava a cair a ficha da grande conquista que acabara de acontecer. Após mais de 40 anos de repressão, o país estava finalmente livre da ditadura.

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Um evento mundial -

A revolução ganhou as manchetes nacionais e internacionais. Tal foi a rapidez e eficácia da sua execução que até a CIA americana foi apanhada de surpresa, revelação feita por Frank Carlucci, embaixador dos Estados Unidos em Portugal em 1975.

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Junta de Salvação Nacional -

Após a derrubada do regime do Estado Novo, a Junta de Salvação Nacional foi formada como um grupo de oficiais militares designados para manter o governo de Portugal.

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Unidade do povo -

O sucesso da revolução foi ajudado pelo apoio da população aos militares. Este cartaz da época expressa a unidade do povo e do MFA.

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Plantando as sementes da democracia -

Três dias após o golpe de estado, os portugueses reuniram-se na estação ferroviária de Lisboa para celebrar o regresso do líder socialista exilado Mário Soares.

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Mário Soares (1924–2017) -

Mário Soares tinha sido detido pela PIDE como agitador político em 1968 e encarcerado. Mais tarde, ele foi exilado na França. Após a revolução, ele foi autorizado a voltar para casa. Ele serviu como primeiro-ministro de Portugal de 1976 a 1978 e de 1983 a 1985 e, posteriormente, como o 17º presidente de Portugal de 1986 a 1996. Ele é considerado o pai da democracia portuguesa.

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Processo de redemocratização -

A Revolução dos Cravos permitiu a formação do primeiro governo constitucional de Portugal, em 1976. O general António Ramalho Eanes, presidente da República, e Mário Soares, primeiro-ministro, tomaram posse em 23 de julho de 1976.

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Marcha do 1º de maio -

Em 1º de maio de 1974, sete dias após a revolução, grande parte da população de Lisboa saiu novamente às ruas para celebrar o Primeiro de Maio – a primeira manifestação oficial a ter lugar na capital desde a queda do regime do Estado Novo.

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Legado -

Além de acabar com o regime autoritário mais antigo da Europa e introduzir a democracia em Portugal, a Revolução dos Cravos inspirou a mudança de nome de várias ruas e monumentos. A alteração mais notável foi dada à antiga Ponte Salazar. Hoje é conhecida como Ponte 25 de Abril.

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Museu do Aljube, Resistência e Liberdade -

Em 2015, foi inaugurado em Lisboa o Museu do Aljube, Resistência e Liberdade. Ele fica dentro de uma antiga prisão que funcionou de 1928 até seu fechamento em 1965. Aqui, presos políticos foram mantidos e muitas vezes torturados. Uma exibição especial dedicada à Revolução dos Cravos é um dos destaques do museu.

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Dia da Liberdade -

O legado mais visível e cativante da Revolução dos Cravos é o feriado nacional em Portugal, que ficou conhecido como o Dia da Liberdade. Mas e o Lula? Por que o presidente do Brasil causou tanta polêmica mesmo antes mesmo de sua chegada em Portugal, no dia 21 de abril de 2023?

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E a polêmica envolvendo Lula? -

Segundo a CNN Brasil, a presença de Lula e, principalmente, a possibilidade de um discurso do presidente brasileiro na cerimônia, que celebrava o fim da ditadura salazarista em 1974, gerou bastante controvérsia política na Assembleia da República e oposição de partidos políticos.

Mas como essa polêmica começou? Vale ressaltar que o mandatário brasileiro em nenhum momento teve essa ideia. Ou seja, mão teve 'culpa' nenhuma em controvérsia. Na verdade, foi outra pessoa que se 'apressou' em anunciar a vinda de Lula e cometeu uma gafe...

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E a polêmica envolvendo Lula? -

Tudo começou quando o então ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, anunciou a presença do petista na sessão do 25 de abril, provocando revolta de partidos da direita como o Partido Social Democrata (PSD), Chega e da Iniciativa Liberal (IL). 

O PSD afirmou não aceitar que o presidente brasileiro discursasse na Assembleia da República na sessão solene comemorativa, e o líder da IL declarou que os deputados deixariam o local se isso acontecesse.

Na foto, o então primeiro-ministro de Portugal António Costa.

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E a polêmica envolvendo Lula? -

Para minimizar a situação, criaram uma sessão de boas-vindas para o presidente brasileiro no plenário do Parlamento e a sessão comemorativa à Revolução dos Cravos aconteceu de forma 'separada', no mesmo dia.

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E a polêmica envolvendo Lula? -

Desta forma, Lula esteve presente apenas no primeiro evento. Para evitar polêmica, o mandatário brasileiro decidiu nem assistir à sessão solene de comemoração do 25 de Abril, que ocorreu logo a seguir. O então presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, chegou a declarar que Lula poderia acompanhar a segunda sessão sem discursar, mas ele optou por não aparecer.

Na foto, o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, recepcionou de forma efusiva o chefe de estado do Brasil no dia 22 de abril de 2023, em Lisboa.

Fontes: (The New York Times) (Britannica) (Portugal.com) (Africanews) (CNN Brasil)

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