'As Aventuras de Alice no País das Maravilhas' é um dos romances mais celebrados da história literária. Escrita por Lewis Carroll e publicada em 1865, a história é sobre uma jovem chamada Alice que cai numa toca de coelho e encontra um mundo de fantasia povoado por uma coleção de personagens verdadeiramente bizarros. Muito debate envolve o significado por trás do romance e dos temas que sustentam a narrativa. Essencialmente, Carroll descreve como uma criança vê nosso mundo adulto: muitas vezes um lugar escuro com tonalidades perturbadoras.
Então, sobre o que exatamente o autor escreveu e por que essa obra-prima vitoriana contém tantos significados ocultos? Clique e comece a sonhar.
'As Aventuras de Alice no País das Maravilhas' foi publicado em 1865. O romance, de autoria de Charles Lutwidge Dodgson, mais conhecido por seu pseudônimo Lewis Carroll, tem sido descrito como uma peça de divertido surrealismo e um mistério que requer solução.
O livro detalha a história de uma jovem chamada Alice que cai na toca de um coelho, indo parar num mundo de fantasia povoado por uma coleção de personagens verdadeiramente bizarros.
Carroll baseou sua personagem principal em Alice Liddell, uma garota que ele conheceu junto com suas irmãs, Edith e Lorina (Ina), quando ela tinha 10 anos de idade. Edith e Ina também inspiraram personagens fictícios que aparecem no romance.
A relação entre Liddell e Dodgson tem sido fonte de muita controvérsia. Fotógrafo amador, Dodgson fotografou muitas crianças pequenas, mas sempre na presença dos pais delas. Embora ainda existam rumores sobre a natureza exata da amizade entre ele e Alice, nenhuma prova de impropriedade por parte de Dodgson contra a jovem foi encontrada.
Mais pertinente talvez seja a sugestão feita por alguns de que 'As Aventuras de Alice no País das Maravilhas' é uma alegoria velada sobre o uso de drogas. O mundo onírico que Alice passeia inspirou uma série de canções da era psicodélica, a mais famosa delas o hit 'White Rabbit', de Jefferson Airplane, em 1967.
A lagarta fumante de narguilé vista em seu cogumelo mágico imediatamente invoca imagens mais associadas à contracultura rebelde dos anos 1960 do que à era vitoriana dos anos 1860.
Os eventos em 'As Aventuras de Alice no País das Maravilhas' se correlacionam com as etapas do crescimento e progressão de uma criança ao longo da infância e adolescência. A história é uma fantástica excursão pela imaginação, mas o tema subjacente explora a realidade de crescer.
Na história, Carroll se baseia em eventos da vida real para alimentar sua própria imaginação. O horrível jogo de croquet da rainha descrito no capítulo oito do romance é provavelmente baseado nas competições que a própria Alice Liddell teria desfrutado quando jovem nos gramados da Christ Church, em Oxford, onde seu pai, Henry Liddell, serviu como decano (administrador) eclesiástico.
A preocupação de Carroll com comida e bebida é evidente ao longo do romance. Alice encolhe para o tamanho de uma boneca depois de beber o conteúdo de uma garrafa verde rotulada "BEBA-ME".
Ela então vê um bolo rotulado "COMA-ME" e, depois de dar uma mordida, infla como um balão e ganha um tamanho maior do que uma casa. Alguns observadores sugeriram que a história faz alusão ao abuso de álcool e transtornos alimentares.
O Chapeleiro Maluco é um dos personagens mais cativantes da história, embora Carroll se refira a ele simplesmente como "o Chapeleiro". A expressão "louco como um chapeleiro" é baseada nas práticas da vida real dos chapeleiros a partir do século XVII. O processo usado para fazer chapéus envolvia trabalhar com mercúrio, um veneno que pode induzir distúrbios neurológicos e comportamentais.
O Chapeleiro é provavelmente baseado em um senhor excêntrico que Carroll conhecia, chamado Theophilus Carter, um comerciante de móveis que morava perto de Oxford e que sempre usava cartola e fraque.
A engraçada e louca festa do chá do Chapeleiro é uma cena-chave no romance. O encontro pode ser visto como membros da sociedade se comportando além das restrições sociais. O Chapeleiro costuma ser muito rude e provoca Alice durante a festa. O confronto é o tema primordial. Carroll nos lembra que a interação humana depende de uma abertura mútua e respeito de todas as partes envolvidas.
O Gato de Cheshire é o espírito guia para Alice. Ele ensina a ela as "regras" do País das Maravilhas. Carroll pode ter encontrado inspiração para o nome e para a expressão do personagem em uma escultura do século XVI de um gato sorridente na fachada de uma torre de igreja localizada perto de sua terra natal em Daresbury, Warrington.
O gato é conhecido por seu distinto sorriso travesso. "Sorrir como um gato de Cheshire" era uma frase comum na época de Carroll. Embora sua origem seja desconhecida, acredita-se que a sonoridade de "Cheshire" dê a mesma aparência sorridente que dizer "xis" na hora de induzir o sorriso para uma fotografia.
'As Aventuras de Alice no País das Maravilhas' inclui alguns personagens muito insalubres, mas ninguém supera a Rainha de Copas. Uma das personagens do baralho, ela é a governante tirânica e demente do País das Maravilhas que tem uma propensão sádica para decapitações. Carroll nunca revelou a inspiração para a Rainha de Copas, mas alguns sugerem a Rainha Vitória - a monarca em exercício na época do autor - como modelo.
Além de Alice, a já descrita festa do chá do Chapeleiro Maluco conta com a Lebre de Março e o Arganaz como convidados. "Louco como uma lebre de março" é um provérbio ainda mais antigo do que "louco como um chapeleiro". Uma lebre de março descreve uma lebre marrom na estação de reprodução, conhecida por saltar e boxear e por seu estranho hábito de correr em círculos. Arganaz, por sua vez, é um lento e sonolento rato que é constantemente intimidado pelo Chapeleiro e pela Lebre de Março.
Carroll foi aparentemente obrigado a incluir um dodô na história depois de visitar o Museu de História Natural da Universidade de Oxford e examinar um espécime da ave sem voo, que foi extinta em 1681. Uma crença mais fantasiosa é que o autor, cujo sobrenome verdadeiro era Dodgson, escolheu o pássaro por causa de seu gaguejo e, assim, acidentalmente se apresentaria como "Do-do-dodgson".
Também introduzida nos capítulos dois e três está Aguieta, personagem inspirada na outra irmã de Alice, Edith.
Lori, um papagaio australiano, é um personagem que aparece no capítulo dois e no capítulo três do romance. O pássaro é uma referência a Ina Liddell, irmã mais velha de Alice Liddell.
O Pato é uma representação do Reverendo Robinson Duckworth. Ele acompanhou Carroll e as três irmãs num passeio de barco ao longo do rio Tâmisa em 1862, uma excursão que acabou inspirando todo o romance.
Com a Lagoa de Lágrimas, Carroll está simbolizando os fardos causados por nossas ações e erros. Alice caiu em suas próprias lágrimas, junto com pássaros e animais – criaturas que incluem um rato, um caranguejo, o Pato, Dodô, Lori e Aguieta. O episódio ilustra como o País das Maravilhas distrai Alice da razão e faz com que ela reaja emocionalmente.
Curiosidade: no Japão, o personagem Sapo-Lacaio na edição japonesa de bolso de 'As Aventuras de Alice no País das Maravilhas', publicada em 2010, é conhecido como "Sapo Ordenado" ou "Servo com Cara de Sapo".
No grotesco jogo de croquet da rainha, as bolas são ouriços vivos e os martelos são flamingos vivos. Juntamente com o tema geral de desfamiliarização que o jogo representa, a noção de crueldade animal tem sido sugerida por alguns revisionistas como um tema subjacente.
Carroll volta várias vezes ao tema da comida em 'As Aventuras de Alice no País das Maravilhas'. A Cozinheira tem uma tendência a usar muita pimenta em sua sopa de pimenta. Ela também gosta de jogar coisas na Duquesa e em seu bebê, e ainda mira em Alice. "Talvez seja sempre a pimenta que deixa as pessoas de temperamento quente", supõe Alice mais tarde.
O personagem Grifo é baseado no grifo mítico de várias culturas: um ser meio-águia, meio-leão. Possuidor de uma personalidade arrogante e desdenhosa, o Grifo encontra uma estranha alma gêmea na melancólica Tartaruga Falsa, que acredita já ter sido uma tartaruga de verdade. Seu nome é tirado de um prato que era popular no período vitoriano, a sopa de tartaruga falsa - que, na verdade, era feita usando miudezas de boi e que passou a ser consumida depois que a tartaruga verde originalmente usada como ingrediente foi caçada até quase a extinção.
Bill, o Lagarto, é um personagem lírico e flexível sob o emprego do Coelho Branco. Ele faz todo o trabalho duro para os habitantes do País das Maravilhas, incluindo ser enviado através da chaminé para resgatar Alice depois que ela cresce demais ao comer o bolo mágico.
Alice é testemunha no julgamento para decidir se o Valete de Copas é culpado de roubar as tortas. O Rei de Copas preside como juiz. Depois de não conseguir encontrar sentido no País das Maravilhas, ela espera encontrar lógica e ordem no processo. Mas o julgamento descamba para a farsa. A história termina com Alice acordando e percebendo que sua experiência no País das Maravilhas foi "um sonho curioso!" O próprio Lewis Carroll explicou mais tarde numa carta ao dramaturgo Tom Taylor em 1864 que: "A coisa toda é um sonho, mas que eu não quero revelado até o fim".
Só que esse não foi bem o fim. Alice reapareceu em 'Alice Através do Espelho', a sequência de 1871 do primeiro romance. Um dos personagens, o Cavaleiro Branco, é descrito como tendo cabelos desgrenhados, olhos azuis suaves e um rosto gentil – uma boa descrição do próprio autor. Então, o que aconteceu a seguir? Bem, essa é outra história.
Fontes: (The British Library) (Newsweek) (Britannica) (The Morgan Library & Museum)
Mensagens subliminares: 'Alice no País das Maravilhas' não é apenas uma história para crianças
Sobre o que Lewis Carroll estava escrevendo de verdade?
LIFESTYLE Contos de fadas
'As Aventuras de Alice no País das Maravilhas' é um dos romances mais celebrados da história literária. Escrita por Lewis Carroll e publicada em 1865, a história é sobre uma jovem chamada Alice que cai numa toca de coelho e encontra um mundo de fantasia povoado por uma coleção de personagens verdadeiramente bizarros. Muito debate envolve o significado por trás do romance e dos temas que sustentam a narrativa. Essencialmente, Carroll descreve como uma criança vê nosso mundo adulto: muitas vezes um lugar escuro com tonalidades perturbadoras.
Então, sobre o que exatamente o autor escreveu e por que essa obra-prima vitoriana contém tantos significados ocultos? Clique e comece a sonhar.