Um evento destrutivo e com risco de vida que precisa ser resolvido rapidamente
O luto é muitas vezes mal interpretado como apenas uma dor emocional que habita nossas mentes, só que isso não poderia estar mais longe da verdade. A poderosa experiência do luto é uma reação complexa, multifacetada e muitas vezes incontrolável que nossas mentes e corpos têm a um tipo de trauma, como a perda de um ente querido. Claro que o luto atinge nosso estado mental e emocional, mas o aspecto físico é tão intenso quanto o sentimental.
Não existem garantias de que os sintomas físicos aconteçam em todas as experiências de luto, contudo alguns tipos de luto são tão intensos que eles realmente se tornam mais físicos do que qualquer outra coisa. Há uma série de sintomas ligados a esta experiência que podem ser explicados pela resposta fisiológica do nosso corpo a um estresse emocional tão intenso.
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O aumento da tensão muscular — a maneira do corpo enfrentar a ameaça percebida pela dor emocional — pode resultar no aumento das dores. A tensão corporal por um longo período de tempo pode causar dores nos músculos, bem como nas articulações do pescoço, costas e de outras partes do esqueleto.
Pesquisas mostraram que o luto está ligado ao aumento dos níveis de inflamação no corpo, o que pode levar a problemas cardiovasculares e outras doenças, isso sem mencionar o aumento da mortalidade.
De acordo com o Programa de Assistência à Sobreviventes de Tragédias, enxaquecas relacionadas ao luto são resultado do sistema circulatório reagindo ao estresse por longos períodos de tempo. Isso porque o corpo se recupera dilatando bastante os nossos vasos sanguíneos, o que causa pressão sobre o tecido circundante e resulta naquela dor de cabeça. Enxaquecas frequentemente também apresentam distúrbios de visão, sensibilidade à luz e ao som, e náuseas.
O luto é bem conhecido por causar problemas digestivos temporários, como prisão de ventre, diarreia, dor de estômago ou sensação de vazio, enjoo ou náusea. A reação natural de algumas pessoas ao luto é realmente vomitar.
Esses problemas digestivos estão frequentemente ligados à interrupção dos hábitos alimentares ou rotinas alimentares normais, mas também são o resultado da intensa resposta de luta ou fuga que o corpo tem quando sofre estresse emocional intenso: o sangue é desviado do estômago e dos intestinos e é direcionado para os principais órgãos de sobrevivência como cérebro, coração, órgãos sensoriais e grandes músculos das pernas.
As pessoas geralmente ganham peso nos dias, semanas e meses seguintes a uma grave perda. Isso se deve a uma combinação de fatores como falta de exercício, excesso de emoções, comidas nada saudáveis, bem como isolamento de entes queridos (um triste efeito colateral social do luto) que podem incentivar melhores hábitos alimentares.
O oposto também acontece com algumas pessoas de luto quando elas não comem o suficiente. Não comer refeições regulares, experimentar uma perda de apetite ou não comer nada são atitudes bastante comuns.
O estresse do luto sinaliza um aumento na secreção de corticosteroides (hormônios do estresse), o que pode reduzir ou suprimir o sistema imunológico e sua produção adequada de glóbulos brancos. Isso torna o corpo mais suscetível a vírus e infecções. Pessoas que sofrem lutos podem sentir que pegam resfriados ou gripes mais facilmente.
Pessoas em luto podem descobrir que sua pele está tendo mais acne ou fica muito ressecada com mais frequência. Isso funciona como uma resposta ao alto estresse e a uma imunidade reduzida.
Um estudo descobriu que pessoas que já estão em alto risco cardiovascular podem ter um risco mais aumentado de ter um ataque cardíaco nos dias após a perda de um ente querido, conforme noticiou a Verywell Mind.
De acordo com a Harvard Health, o luto está associado a alterações nas células musculares cardíacas e/ou nos vasos sanguíneos coronários que impedem que o ventrículo esquerdo contraia efetivamente — resultando em uma condição chamada cardiomiopatia induzida por estresse, ou "síndrome do coração partido", cujos sintomas são semelhantes aos de um ataque cardíaco: dor no tórax e falta de ar.
Pessoas com alguma condição de saúde crônica (como insuficiência cardíaca ou diabetes) podem experimentar uma piora em seus sintomas devido à inundação de hormônios de estresse no corpo.
A insônia por si só é absolutamente torturante, mas, quando levamos em conta todos os problemas causados por privar o corpo de sua necessária recuperação noturna, ela rapidamente se torna um problema perigoso para a saúde a curto e longo prazo.
Desde a aparência da pessoa (inchaço no rosto e nos olhos, por exemplo), até sua função cognitiva (ou seja, memória) e sua coordenação física, os problemas que surgem da falta de sono podem arruinar a vida de qualquer um.
O sono é tentador para quem está de luto, pois oferece uma espécie de refúgio da dor. E apesar do sono ser essencial para o corpo humano, dormir por muitas horas seguidas, ou ao longo do dia, pode realmente ter efeitos adversos e fazer a pessoa se sentir ainda mais letárgica.
A inundação de hormônios de estresse que o luto libera no corpo também pode levar à pressão alta, mesmo que a pessoa não tenha uma condição pré-existente.
O impacto físico do luto também pode levar a um aumento do risco de coágulos sanguíneos, causados por uma série de fatores, desde o impacto na pressão arterial até os sentimentos de letargia.
Estudos descobriram que, durante as primeiras semanas de luto intenso, as pessoas têm um aumento na frequência cardíaca, o que significa que elas estão temporariamente em maior risco de desenvolver doenças cardíacas e podem ter maior probabilidade de ter ataques cardíacos.
A ansiedade pode parecer mais física do que mental às vezes, e pode se manifestar em um monte de coisas diferentes, como bater os dedos, andar para frente e para trás, inquietações dos pés e mãos, incapacidade de ficar parado, mãos ou pés suados ou úmidos, e até dormência ou formigamento nas extremidades.
A pessoa de luto também pode experimentar uma sensibilidade intensa ao som, boca seca, sensação de tremor ou tremulações, aperto na garganta ou tórax, e falta de ar.
Como o luto, muitas vezes, envolve altos níveis de estresse que também afetam o sistema imunológico, ele tem sido associado a um aumento de experiências físicas de alergias.
Mesmo com um horário regular de sono, o luto pode fazer seu corpo se sentir exausto por longos períodos de tempo. Muita gente relata um sentimento de peso nos membros que dificulta a realização de tarefas diárias normais.
O luto também torna as pessoas mais suscetíveis a desenvolver mecanismos de enfrentamento não saudáveis, como beber, fumar, usar drogas ou outros comportamentos de alto risco, mesmo para aquelas que não têm as chamadas "personalidades viciantes".
Crianças podem apresentar sintomas físicos de dor um pouco diferentes dos adultos, mas mesmo elas tendo dificuldade de localizar ou descrever o que estão sentindo, muitas vezes os sintomas também incluem dores de cabeça, dores de estômago, problemas para dormir, mudanças no apetite e pesadelos.
Mesmo anos depois da pessoa achar que se curou de um luto em particular, memórias podem desencadear respostas físicas como aperto no estômago, frio na espinha, uma noite sem dormir, ou até mesmo um ataque de pânico.
Embora isso seja uma generalização enorme, a maioria dos estudos acredita que os sintomas físicos mais intensos do luto ocorrem nos primeiros dias e semanas após uma perda. Claro, eles podem durar mais, porém os sintomas tendem a melhorar com o tempo e muitas pessoas tem a tendência de começar a se sentir melhor dentro de seis e oito semanas. Estudos também mostram que a maioria dos sintomas de luto se resolve dentro de um a dois anos — o que não significa que o luto tenha "terminado", mas sim que o impacto físico acabou.
Dizem que aproximadamente 7% das pessoas enlutadas experimentarão um luto complicado, que é a presença persistente de sintomas intensos de luto por mais tempo do que o habitual. Junto com os sintomas físicos, essas pessoas muitas vezes não conseguem se concentrar em mais nada, sentem raiva ou tristeza não resolvidas e ainda estão lutando para aceitar a realidade da perda.
A cura não é linear quando se trata de luto. No entanto, como a maioria dos efeitos físicos do luto surgem da falha em ouvir nossos corpos e praticar hábitos saudáveis, a melhor maneira de avançar em sua jornada de cura é beber água suficiente, se exercitar, comer alimentos nutritivos, dormir bem e fazer planos para levantar, sair de casa e conversar com os outros.
Considerando tudo, o luto ainda está centrado em nossas mentes e na nossa percepção, portanto toda a cura do corpo deve coincidir com a cura da mente. Isso inclui falar com um terapeuta ou conselheiro de luto, aceitar o apoio de sua comunidade e fazer atividades solo, como meditação e escrever diários.
Fontes: (Harvard Health) (Verywell Mind) (WebMD) (GoodTherapy) (The New York Times) (Country Living) (TAPS)
Onde o luto dói: entenda o impacto físico da perda de alguém
Sintomas físicos de dor que muitas vezes são vistos apenas como emocionais
SAÚDE Tristeza
O luto é muitas vezes mal interpretado como apenas uma dor emocional que habita nossas mentes, só que isso não poderia estar mais longe da verdade. A poderosa experiência do luto é uma reação complexa, multifacetada e muitas vezes incontrolável que nossas mentes e corpos têm a um tipo de trauma, como a perda de um ente querido. Claro que o luto atinge nosso estado mental e emocional, mas o aspecto físico é tão intenso quanto o sentimental.
Não existem garantias de que os sintomas físicos aconteçam em todas as experiências de luto, contudo alguns tipos de luto são tão intensos que eles realmente se tornam mais físicos do que qualquer outra coisa. Há uma série de sintomas ligados a esta experiência que podem ser explicados pela resposta fisiológica do nosso corpo a um estresse emocional tão intenso.
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