De trolls a gatos comedores de crianças
Trump tem feito acusações sem provas e subestimou o poder do vírus. Em fevereiro, o presidente dos Estados Unidos disse que a Covid-19 desapareceria milagrosamente em abril, graças ao clima mais quente. 'Um dia será tipo um milagre, desaparecerá'.
Em uma polêmica conferência de imprensa, Trump sugeriu que expor 'o corpo com uma luz ultravioleta ou uma outra luz extremamente forte' poderia enfraquecer o coronavírus.
Na mesma coletiva, Trump comentou a possibilidade de ingestão de água sanitária para 'limpar' o vírus dentro do corpo. 'Vejo que um desinfetante é capaz de matar o vírus num minuto', disse.
Trump também afirmou que houve um roubo generalizado de máscaras como forma de explicar a falta de equipamentos de proteção nos hospitais de Nova York. Ele questionou se as máscaras não estariam 'pela porta dos fundos'. Na verdade, o sistema de saúde simplesmente não estava preparado para a demanda.
De lá para cá, ele já criticou os governadores que implementaram medidas de restrições em seus estados e incentivou os cidadãos a desafiarem as ordens de quarentena e voltarem ao trabalho.
Em março, Bolsonaro afirmou que os brasileiros têm algum tipo de imunidade natural a doenças que 'precisa ser estudada'. Seu argumento era que as pessoas às vezes nadavam no esgoto sem adoecer. Esta declaração foi feita depois que 22 membros da sua comitiva em viagem aos EUA foram infectados com a Covid-19.
Parte da população brasileira aderiu aos panelaços como forma de protesto às declarações de Bolsonaro. O presidente afirmou que esses protestos eram uma vergonha apoiada pela mídia para derrubá-lo.
Depois de decidir suspender as restrições no Reino Unido e incentivar os cidadãos a voltarem ao trabalho, o primeiro-ministro declarou que o 'bom senso britânico' derrotaria o coronavírus. Ironicamente, o próprio Boris Johnson foi infectado pela Covid.
Em 11 de maio, Boris Johnson sugeriu que surtos de coronavírus poderiam ser detectados testando o suprimento de água. Mais tarde, foi confirmado por seu governo que essa informação estava incorreta.
O presidente das Filipinas inicialmente tentou minimizar a situação, mas depois mudou para uma postura radical para combater a Covid-19. Duterte disse em pronunciamento televisivo que aqueles que não cumprissem as regras de isolamento seriam mortos a tiros. 'Em vez de causar problemas, enviarei você para o túmulo', ameaçou. E o líder não estava brincando: um homem de 63 anos foi baleado e faleceu.
O presidente comanda Belarus desde 1994. Inicialmente, Lukashenko alegou que o mundo estava ficando louco por causa do coronavírus. O líder encorajou seus cidadãos a continuarem trabalhando, dizendo que tratores e campos os curariam de quaisquer males.
O presidente de Belarus também afirmou que a vodca poderia matar o vírus. Ele recomendou que a população lavasse as mãos com a bebida e ingerisse de uma a duas doses por dia (mas não enquanto estivesse trabalhando).
Seu último conselho foi que todos deveriam experimentar a sauna pública três vezes por semana. Depois de sair da sauna, a recomendação era beber três doses de vodca...
O presidente da Indonésia demorou para reagir contra o vírus, alegando que o clima tropical cuidaria dele. Joko Widodo encorajou o país a orar, afirmando: 'É direito de nossa nação confiar no Todo-Poderoso'.
A Sérvia tem chamado a atenção pela desinformação desde o início do surto. A primeira-ministra Ana Brnabić afirmou que o governo deve ocultar o número de ventiladores do público, pois é 'um segredo de estado em todos os países'.
O ministro da Saúde da Sérvia, Zlatibor Lončar, afirmou que o coronavírus era mais brando que a gripe, apesar das evidências mostrando que a taxa de mortalidade era maior.
O governo anunciou a proibição de passear com animais de estimação, seguindo os conselhos de seus médicos especialistas. No entanto, um dos epidemiologistas do governo afirmou que essa recomendação nunca foi dada por eles.
A senadora australiana Pauline Hanson tem feito críticas à resposta ao coronavírus. Ela disse que era 'completamente exagerado' proibir as pessoas de sair com suas famílias para piqueniques.
A senadora também sugeriu que a Austrália se livrasse da ajuda externa e parasse de dar dinheiro à OMS e à ONU.
O deputado indiano Subramanian Swamy foi ao Twitter alegar que a cepa da Covid-19 na Índia era uma 'mutação menos virulenta'. Isso sugere que o vírus é mais facilmente derrotado pelas defesas naturais do corpo e, portanto, seria menos perigoso.
Em entrevista à Fox News, o ex-prefeito da cidade de Nova York Giuliani disse que era ridículo que uma grande equipe fosse empregada para rastrear o vírus. Ele afirmou que seria melhor rastrear pessoas com câncer ou doenças cardíacas, pois são doenças mais fatais. Ele parece ter esquecido o fator de contágio...
Vários líderes mundiais espalharam falsas alegações de que medicamentos pré-existentes são eficazes no tratamento de coronavírus, apesar da falta de evidências. Nos EUA, o presidente Trump disse que um medicamento anti-malária parecia estar ajudando. 'O que você tem a perder? Use'. No Arizona, um homem morreu depois de se automedicar com droga, que continha a cloroquina como substância.
No Brasil, Bolsonaro afirmou que o mesmo medicamento estava 'funcionando em todos os lugares'. Até o momento, não existem fortes evidências da eficácia da cloroquina. O uso não regulamentado, incentivado pelos líderes mundiais, pode ser perigoso.
Da mesma forma, muitos políticos foram rápidos em afirmar que o vírus foi produzido por nações rivais. O ex-vice-primeiro ministro da Itália, Matteo Salvini, vem sendo um porta-voz de teorias da conspiração desde o início do surto. No Twitter, ele disse: 'Em 2015, os chineses criaram um super coronavírus com morcegos e ratos!!!'.
Suas declarações foram apoiadas por outra líder do partido italiano de extrema-direita, Giorgia Meloni. Ela criticou outros países europeus que elogiaram a China por sua assistência com suprimentos médicos, afirmando que foi o 'regime comunista' na China que provocou o vírus em primeiro lugar.
Por outro lado, Zhao Lijian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, vem promovendo a ideia de que o vírus se originou nos EUA e foi trazido a Wuhan pelos militares americanos.
Em troca, senadores republicanos nos EUA, como Tom Cotton e Ted Cruz, sugeriram que o vírus escapou de um laboratório de Wuhan. Apesar de todas as acusações, o consenso geral entre os cientistas é de que o vírus não foi produzido pelo homem.
Leia também: Gésio Amadeu e outros famosos que morreram vítimas da Covid-19
O presidente do Brasil já coleciona alguns pronunciamentos polêmicos que já estamparam manchetes no mundo. Bolsonaro começou dizendo que o coronavírus era uma 'gripezinha'.
Bolsonaro insiste em não usar máscaras, mesmo já tendo sido infectado. O presidente já vetou lei de uso obrigatório do acessório e interage com os seus apoiadores em aglomerações. Aliás, Bolsonaro também incentiva protestos a seu favor.
A Covid-19 é um novo vírus, por isso é natural que haja tantas interpretações diferentes da doença e de sua capacidade de mutação. Mas o que já aprendemos sobre essa ameaça - e sua crescente taxa de mortalidade - é que não devemos subestimá-la.
Enquanto algumas figuras políticas foram mais cautelosas do que outras em seus pronunciamentos aos cidadãos, não é coincidência que os piores comentários e 'conselhos' tenham vindo de líderes que vêm sendo associados a trabalhos ineficazes em suas respostas ao coronavírus.
Ironicamente, Donald Trump surpreendeu o mundo ao anunciar que ele e a esposa Melania testaram positivo para a Covid-19. Logo o presidente dos Estados Unidos, após tanto negacionismo, minimizando a pandemia, desvalorizando uso de máscaras...
Como esquecer ainda de Bolsonaro chamando o vírus de 'gripezinha'? O presidente do Brasil foi outro líder mundial que foi infectado pela doença.
Pois, muitas dessas afirmações e ações polêmicas de presidentes e primeiros-ministros contribuíram para um fenômeno recente batizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de infodemia, 'uma superabundância de informações — algumas precisas e outras não — que dificultam que as pessoas encontrem fontes e orientações confiáveis quando precisam delas'.
Por isso, a agência internacional alerta que a população deve ter cuidado redobrado com as notícias falsas, que espalham a desinformação.
Na galeria, veja algumas das piores declarações dos líderes mundiais sobre a pandemia.
As piores declarações dos líderes mundiais sobre a pandemia
Donald Trump, que tanto minimizou a Covid-19, foi diagnosticado com a doença.
LIFESTYLE Covid-19
A Covid-19 é um novo vírus, por isso é natural que haja tantas interpretações diferentes da doença e de sua capacidade de mutação. Mas o que já aprendemos sobre essa ameaça - e sua crescente taxa de mortalidade - é que não devemos subestimá-la.
Enquanto algumas figuras políticas foram mais cautelosas do que outras em seus pronunciamentos aos cidadãos, não é coincidência que os piores comentários e 'conselhos' tenham vindo de líderes que vêm sendo associados a trabalhos ineficazes em suas respostas ao coronavírus.
Ironicamente, Donald Trump surpreendeu o mundo ao anunciar que ele e a esposa Melania testaram positivo para a Covid-19. Logo o presidente dos Estados Unidos, após tanto negacionismo, minimizando a pandemia, desvalorizando uso de máscaras...
Como esquecer ainda de Bolsonaro chamando o vírus de 'gripezinha'? O presidente do Brasil foi outro líder mundial que foi infectado pela doença.
Pois, muitas dessas afirmações e ações polêmicas de presidentes e primeiros-ministros contribuíram para um fenômeno recente batizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de infodemia, 'uma superabundância de informações — algumas precisas e outras não — que dificultam que as pessoas encontrem fontes e orientações confiáveis quando precisam delas'.
Por isso, a agência internacional alerta que a população deve ter cuidado redobrado com as notícias falsas, que espalham a desinformação.
Na galeria, veja algumas das piores declarações dos líderes mundiais sobre a pandemia.