Cientistas estão desenvolvendo uma nova forma de defesa
Em julho de 2024, um adolescente da Índia sobreviveu a uma doença rara causada por uma ameba comedora de cérebro. A ameba, chamada Naegleria fowleri, causa Meningoencefalite Amebiana Primária (ou Naegleríase), que tem uma taxa de mortalidade de 97%. De acordo com estudos recentes, as alterações climáticas podem levar a um aumento global na ocorrência desta condição perigosa, que já causou mortes. Mas onde esse parasita é encontrado? Quais são os sintomas? E o que pode ser feito para preveni-lo?
Nesta galeria, conheça os sintomas e muito mais sobre essa doença assustadora.
Em 2024, três crianças com idades entre cinco e 14 anos sucumbiram à Meningoencefalite Amebiana Primária (PAM no original em inglês) causada por Naegleria fowleri após nadar em águas do estado de Kerala, no sul da Índia.
Pelo menos 39 países registraram infecções por Naegleria fowleri e, de acordo com especialistas, a taxa de infecção está aumentando em 4,5% a cada ano.
No Paquistão, cerca de 20 mortes são registradas a cada ano devido à doença. Em 2024, infecções também foram relatadas na Índia e em Israel.
Um estudo conduzido no Paquistão observa que o agravamento das ondas de calor está contribuindo para o aumento dos surtos de Meningoencefalite Amebiana Primária. Isso aumenta os custos na área de saúde, tornando medidas proativas cruciais.
A Naegleria fowleri também foi detectada em uma fonte termal no Parque Nacional Grand Teton, nos EUA, e em um local de natação de água doce na Austrália Ocidental.
Entre maio e agosto de 2024, Kerala registrou 15 casos deste tipo de meningoencefalite (também conhecida pelo nome de Naegleríase). Em anos anteriores, o estado da Índia relatava cerca de um caso anualmente.
O CDC dos EUA descobriu que 85% das exposições globais de casos ocorrem durante as estações quentes ou mornas, tipicamente no verão. Estudos sugerem que o aumento das temperaturas e as alterações climáticas podem contribuir para um aumento global nos casos de Meningoencefalite Amebiana Primária.
Um estudo publicado em maio de 2023 descobriu que as infecções por Meningoencefalite Amebiana Primária estão aumentando no norte dos EUA, possivelmente devido às mudanças climáticas.
Especialistas acreditam que temperaturas mais altas provavelmente promoverão a sobrevivência e o crescimento da Naegleria fowleri, aumentando o risco de exposição à medida que as pessoas se envolvem em mais atividades recreativas aquáticas durante o tempo mais quente.
As alterações climáticas podem causar um aumento nos habitats onde a Naegleria fowleri prospera. Agora ela pode sobreviver em corpos de água doce mais quentes em regiões que antes eram consideradas muito frias.
A Naegleria fowleri prospera em água com temperaturas variando entre 30°C a 46°C. Uma combinação de secas e chuvas pesadas também cria as condições perfeitas para a ameba.
Em março de 2024, a ameba foi encontrada em locais de tratamento de água em algumas partes do Reino Unido, embora isso tenha ocorrido antes da água ter sido tratada.
Em 1978, uma jovem morreu após contrair Naegleria fowleri nos Banhos Romanos em Bath, Reino Unido. A instalação, que foi construída em 70 d.C. no local de uma fonte geotérmica, não foi aberta para banho desde então.
Naegleria fowleri é encontrada em água doce morna e não tratada, solo e poeira. As infecções geralmente ocorrem em casos envolvendo natação, respingos e submersão da cabeça em lagos, lagoas, fontes termais e reservatórios.
As rotas menos comuns de transmissão da Naegleria fowleri incluem água morna de mangueira, toboágua no gramado e exposição da membrana nasal à água de sistemas de poços particulares.
A Naegleria fowleri entra pelo nariz e viaja até o cérebro, onde causa inflamação grave e destrói o tecido cerebral.
A Naegleria fowleri não pode ser transmitida de pessoa para pessoa, mas estudos estão em andamento para verificar se a ameba pode ser transmitida por doação de tecidos ou órgãos.
Os sintomas graves e repentinos da Meningoencefalite Amebiana Primária causada pela Naegleria fowleri incluem febre alta, dor de cabeça intensa, tremores, rigidez no pescoço, sensibilidade à luz e confusão mental.
Demora entre dois e 15 dias após uma pessoa ter sido exposta à Naegleria fowleri para que os sintomas se desenvolvam. De acordo com o CDC, a Meningoencefalite Amebiana Primária tem uma alta taxa de mortalidade, e mais de 97% das pessoas com a doença morreram da infecção.
Se um profissional de saúde suspeitar que uma pessoa foi infectada com Naegleria fowleri, ele recomendará uma punção lombar para verificar se a ameba está no líquido cefalorraquidiano.
Um profissional de saúde também pode recomendar uma biópsia cerebral para verificar a presença da ameba.
Como os sintomas da Meningoencefalite Amebiana Primária se assemelham aos de outras doenças, como gripe e meningite bacteriana, o diagnóstico pode ser tardio e aumentar o risco de complicações graves ou morte.
Os profissionais de saúde tratam geralmente a Meningoencefalite Amebiana Primária com o remédio antifúngico anfotericina B. Miltefosina, que só pode ser adquirido por prescrição médica.
Se você tiver febre ou dor de cabeça depois de nadar em água doce morna ou usar água da torneira para limpar as vias nasais, entre em contato com seu médico ou vá ao pronto-socorro imediatamente.
Use somente água destilada ou esterilizada para o neti pot (um tipo de higienizador nasal) ou qualquer outro dispositivo que limpe as vias nasais.
Não nade ou pratique esportes aquáticos em locais de água doce morna sem tampões nasais. Não entre em nenhuma água onde haja suspeita ou conhecimento de presença de Naegleria fowleri.
Filtros de água de torneira são um método eficiente para eliminar Naegleria fowleri e outras bactérias e parasitas da água.
Fontes: (National Geographic) (BBC) (Cleveland Clinic) (Gavi)
Ameba comedora de cérebros: O que você precisa saber para se proteger
As alterações climáticas estão aumentando o risco de Meningoencefalite Amebiana Primária.
SAÚDE Infecções
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