Recentemente, o TikTok retirou a hashtag #lettertoamerica de sua função de busca, depois que vídeos sobre a "Carta à América" ("Letter to America") viralizaram na plataforma. Isso gerou um debate acirrado entre muitos jovens americanos.
Os vídeos promovem uma carta supostamente escrita pelo notório terrorista em 2002. O texto do documento de duas páginas glorifica e defende os ataques de 11 de setembro, orquestrados por Bin Laden. Também serve como polêmica contra os EUA e como explicação da ideologia que o levou a coordenar as atrocidades do 11/9.
A tradução de 4.000 palavras da "Carta à América" foi publicada originalmente pelo The Guardian. Ela foi removida em 15 de novembro de 2023, mas não antes de ter sido amplamente compartilhada nas redes sociais sem o contexto completo.
Depois de viralizarem no TikTok, os vídeos foram reenviados para o X, antigo Twitter.
Alguns usuários das redes sociais sugeriram que o documento do fundador da Al Qaeda dá uma perspectiva alternativa sobre o envolvimento dos EUA em conflitos no Oriente Médio.
De acordo com a CNN, muitos dos vídeos, que apoiavam algumas das afirmações de Bin Laden e pediam a outros usuários que lessem a carta, foram compartilhados no contexto mais amplo de críticas ao apoio americano a Israel em sua guerra em curso contra o Hamas. De fato, a carta de Bin Laden condena o apoio dos EUA a Israel e acusa os americanos de ajudar a opressão do povo palestino.
A antiga carta e as críticas à política externa americana que ela carrega fizeram com que muita gente disesse que isso abriu seus olhos para uma história que eles nunca aprenderam. E, de acordo com a Newsweek, as palavras de Bin Laden foram descritas como "impressionantes" e uma "revelação".
Muitas pessoas na internet usaram as palavras de Bin Laden como trampolim para a discussão sobre a política externa americana no Oriente Médio. No entanto, muitos esclareceram que não estavam elogiando ou defendendo sua orquestração dos ataques de 11 de setembro.
Respondendo a relatos do conteúdo em alta em sua plataforma, o TikTok disse que os vídeos que promovem a carta violam suas regras contra "apoiar qualquer forma de terrorismo". A Casa Branca, por sua vez, criticou a aparente tendência online em um comunicado, chamando-a de insulto às vítimas dos ataques terroristas de 11/9.
O surgimento da carta e seu conteúdo lembraram ao mundo da existência de seu autor, Osama bin Laden. Mas quem era ele, realmente?
Osama bin Mohammed bin Awad bin Laden foi um dissidente islâmico nascido na Arábia Saudita. Além de líder militante, ele foi o fundador e primeiro general emir da Al Qaeda.
Nascido em Riad em 1957, filho de um rico empresário saudita, Bin Laden estudou economia e administração de empresas. Em 1971, frequentou uma escola de inglês em Oxford, Inglaterra. Vários relatos sugerem que ele mais tarde se formou em engenharia civil.
Quando jovem, herdou cerca de US$ 25 a 30 milhões. Casou-se pelo menos cinco vezes e teria tido entre 20 e 26 filhos.
Em 1979, na sequência da invasão soviética ao Afeganistão, ele se juntou aos mujahidin ("combatentes", "alguém que se empenha na luta", embora o termo seja frequentemente traduzido como "guerreiros santos") afegãos para lutar na Guerra Afegã-Soviética.
Após a derrota da União Soviética em 1988 e sua subsequente retirada do Afeganistão, Osama bin Laden permaneceu no país e fundou uma organização chamada Al Qaeda para continuar lutando pela causa jihad (guerra santa) em todo o mundo.
A Al Qaeda, ou "a Base", começou a arrecadar fundos, a criar campos de treinamento e a fornecer instrução militar e de inteligência em áreas como Afeganistão, Paquistão e Sudão. Ao mesmo tempo, Bin Laden estava se tornando cada vez mais hostil aos Estados Unidos.
Em 26 de fevereiro de 1993, extremistas que haviam treinado em um dos campos de Bin Laden realizaram um ataque terrorista ao World Trade Center, num esforço para derrubar as Torres Gêmeas. Isso, mais tarde, revelou-se um terrível presságio das coisas que estavam por vir.
Em 7 de agosto de 1998, ataques simultâneos à Embaixada dos Estados Unidos em Dar es Salaam, Tanzânia, e à Embaixada dos Estados Unidos em Nairóbi, Quênia, mataram mais de 220 pessoas. A Al Qaeda reivindicou a responsabilidade.
As atrocidades na África Oriental levaram Osama bin Laden a ser indiciado por seu papel nos atentados. Posteriormente, ele foi listado como um dos "Dez fugitivos mais procurados" do FBI.
O novo século anunciava uma nova onda de ataques terroristas orquestrados por Bin Laden. Em 12 de outubro de 2000, o USS Cole foi alvejado no porto de Aden, no Iêmen. Dezessete marinheiros americanos morreram e 37 ficaram feridos.
Bin Laden foi o mentor dos devastadores ataques de 11 de setembro, que mataram quase 3.000 pessoas. Na sequência desse ataque mortal em solo americano, Bin Laden se tornou um ideólogo altamente influente no mundo islâmico. Mas agora ele também estava no topo da recém-lançada "Lista dos Terroristas Mais Procurados" do FBI. Na verdade, Osama bin Laden era o homem mais procurado do planeta.
O líder da Al Qaeda se escondeu, assim como o segundo em comando da organização, Ayman al-Zawahiri (na foto com Bin Laden). Acreditava-se que Bin Laden estaria escondido nas remotas Montanhas Brancas do Afeganistão.
Acreditando que Bin Laden teria desaparecido com a ajuda do Talibã, os americanos se concentraram no complexo de cavernas ao longo da montanhosa fronteira leste do Afeganistão, no que ficou conhecido como a Batalha de Tora Bora. Mas, apesar de terem matado dezenas de membros da Al Qaeda e do Talibã, eles não encontraram Osama bin Laden ou Ayman al-Zawahiri.
Ninguém sabia se Bin Laden estava vivo ou morto. Então, em 10 de setembro de 2003, a rede de TV Al Jazeera exibiu um vídeo mostrando o líder da Al Qaeda em um local não especificado, parecendo mais velho e grisalho.
O homem mais procurado do planeta já era uma figura icônica, cuja sobrevivência continuava a encorajar a Al Qaeda a se tornar uma organização com franquias em todo o mundo.
Em abril de 2011, com base em informações confiáveis que levaram a um aglomerado de edifícios em Abbottabad, no Paquistão, onde se acreditava que Osama bin Laden estava escondido, o presidente Barack Obama ordenou uma operação secreta para matar ou capturar o fugitivo da Al Qaeda.
Em 2 de maio de 2011, em uma ação de codinome Operação Neptune Spear, um esquadrão de elite dos SEALs da Marinha dos EUA invadiu o complexo de Bin Laden. No tiroteio que se seguiu, Bin Laden foi baleado e morto. O ataque surpresa foi transmitido em tempo real para a Situation Room da Casa Branca (foto).
Dentro de 24 horas após sua morte - e de acordo com a lei islâmica - Osama bin Laden foi secretamente enterrado em um local não revelado no Mar Arábico. Entre as fitas de vídeo posteriormente apreendidas no complexo, estava uma que mostrava um Bin Laden de aparência visivelmente frágil assistindo a imagens de si mesmo em uma tela de televisão. Ele estava sozinho.
Embora morto há muito tempo, o legado de Osama bin Laden se manifesta na ameaça contínua que a Al Qaeda e o Estado Islâmico representam em todo o mundo. Embora seu foco hoje esteja na expansão no mundo muçulmano, isso não substituiu as aspirações de atacar o Ocidente, conforme alerta a Critical Threats.
Fontes: (Reuters) (The Guardian) (CNN) (Newsweek) (The Washington Post) (BBC) (FBI) (Critical Threats)
Mais de 12 anos após sua morte, Osama bin Laden voltou a ser notícia internacional depois que uma carta supostamente escrita pelo notório terrorista em 2002 ressurgiu recentemente no TikTok. Vídeos promovendo o documento, descrito pelo The Guardian como "uma nova mensagem arrepiante de Osama bin Laden", foram posteriormente retirados da plataforma de mídia social, que afirmou que o material violava suas regras contra "apoiar qualquer forma de terrorismo". Enquanto o debate em torno do que tem sido chamado de "Carta à América" ("Letter to America") continua, o episódio voltou os holofotes para o homem considerado um assassino cruel e sem coração. Mas quem era exatamente Osama bin Laden?
Clique e leia mais sobre o homem responsável pelos ataques de 11 de setembro.
Na carta, Bin Laden dirigiu-se ao povo americano e procurou responder às seguintes perguntas: "Por que estamos lutando e nos opondo a você?" e "Para que estamos chamando você e o que queremos de você?" O texto inclui linguagem antissemita e retórica homofóbica.
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LIFESTYLE Terrorismo
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