Segundo os registros do Vaticano, mais de 260 papas já passaram pela história – e todos eles foram homens. Mas há uma lenda medieval que conta a saga da misteriosa Papisa Joana. Dizem que a pontífice se disfarçou de homem para alcançar o posto mais alto da Igreja, mas seu segredo veio à tona de forma trágica: durante uma procissão, ela teria dado à luz espontaneamente, revelando sua verdadeira identidade.
Mas será que essa história tem algum fundo de verdade? Nesta galeria, exploramos a vida da Papisa Joana. Clique na galeria e descubra tudo sobre essa enigmática figura!
Joana teria supostamente ocupado o trono papal entre os anos 855 e 858.
Segundo alguns relatos, Johannes Angelicus nasceu em Mainz, na Alemanha, mas se mudou para a Inglaterra ainda na infância. Por isso, muitas vezes é lembrada como inglesa.
Joana se apaixonou por um monge beneditino inglês e decidiu viajar com ele para Atenas, onde se dedicou aos estudos. Para conseguir isso, teve que se disfarçar de homem.
Joana seguiu para Roma e foi subindo na hierarquia da Igreja, começando como notária da Cúria, depois cardeal até finalmente chegar ao posto de papa (ou papisa).
Segundo a lenda, só em 858 é que a identidade de Joana como mulher foi revelada.
Isso aconteceu depois que a Papisa Joana inesperadamente entrou em trabalho de parto durante uma procissão. Alguns relatos dizem que a pontífice morreu durante o parto, enquanto outros dizem que ela foi arrastada por um cavalo e apedrejada em humilhação pública, antes de ser executada.
O primeiro relato da história acerca da Papisa Joana remonta a um texto do século XIII do cronista dominicano Jean de Mailly.
A história foi então adotada pelo dominicano francês Estêvão de Bourbon no texto do século XIII De septem donis Spiritu Sancti ('Sobre os Sete Dons do Espírito Santo').
Nos primeiros relatos, não havia um nome para a papisa. A lenda apenas falava de uma mulher que se disfarçou de homem e acabou assumindo o trono papal. Seu segredo veio à tona quando ela deu à luz no meio de uma procissão, acontecimento que teria levado à sua morte.
De acordo com a crônica de Martinho de Troppau (também conhecido como Martinus Polonus, Martinus Oppaviensis ou Martin von Troppau), Chronicon Pontificum et Imperatorum, existe uma versão alternativa do destino da Papisa Joana.
De acordo com um dos manuscritos, após a revelação do gênero da pontífice, Joana foi confinada e deposta, mas só morreu muitos anos depois.
Uma das versões da história diz que o filho da Papisa Joana acabou se tornando bispo de Óstia.
Existem outras versões da história, com algumas até afirmando que o nome de nascimento da papa era Agnes ou Gilberta.
A história de Joana aparece em várias obras literárias, incluindo as de cronistas como o beneditino Ranulf Higden e dos humanistas italianos Petrarca e Giovanni Boccaccio (foto).
A história da Papisa Joana foi aceita como verdadeira durante os séculos XIV e XV, inclusive pelo Concílio de Constança em 1415.
Mas, no século XVI, estudiosos e historiadores católicos começaram a encarar a história da Papisa Joana mais como uma ficção do que como um fato histórico.
Durante os séculos XVI e XVII, a história foi usada pelos protestantes como um ataque satírico à Igreja Católica e ao papado.
No século XIX, na tentativa de atacar o Catolicismo, alguns protestantes tentaram provar que a história de Joana era verdadeira, mas sem sucesso.
Uma evidência frequentemente usada para provar a teoria de que a Papisa Joana nunca existiu é simplesmente o fato de não haver qualquer registro dela nas histórias papais dos séculos X ao XIII.
Supostamente, Joana se tornou papa entre Leão IV e Bento III. No entanto, Bento III foi eleito imediatamente após a morte de Leão IV, em 17 de julho de 855, não deixando espaço para a suposta papisa governar.
Então, de onde vem a história? Uma teoria aponta para a lenda sendo trazida de Constantinopla para Roma.
Uma carta de Leão IX ao Patriarca de Constantinopla Miguel I Cerulário menciona a indignação do papa ao saber que "a Igreja de Constantinopla já tinha visto eunucos, na verdade até uma mulher, em sua cadeira episcopal".
Outra teoria aponta para uma referência às "fraquezas afeminadas" do Papa João VIII (872-82) no trato com os gregos.
A decadência do papado no século X é mencionada como uma possível origem da lenda, incluindo críticas ao Papa João IX. Este pontífice aparentemente tinha amantes, portanto houve uma influência feminina no papado durante esse período.
Outras teorias ligam as raízes da história à falsa profetisa Theota.
A busca por evidências históricas continuou no século XXI. Em 2018, uma pesquisa conduzida pelo arqueólogo Michael E. Habicht sugeriu que o Papa João VIII tinha dois monogramas (sigla formada por duas ou mais letras para criar um símbolo, normalmente usada com as iniciais do nome) diferentes. Habicht sugere que o monograma anterior (856 a 858) pertence à Papisa Joana.
A lenda da pontífice feminina inspirou muitas obras de ficção, incluindo romances, peças de teatro, games e filmes, a exemplo do alemão 'A Papisa Joana' (2009).
Fontes: (Britannica) (History) (New Advent) (Catholicity) (Smithsonian)
A Igreja Católica já teve uma mulher como Papa?
A Papisa Joana foi mesmo real?
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Segundo os registros do Vaticano, mais de 260 papas já passaram pela história – e todos eles foram homens. Mas há uma lenda medieval que conta a saga da misteriosa Papisa Joana. Dizem que a pontífice se disfarçou de homem para alcançar o posto mais alto da Igreja, mas seu segredo veio à tona de forma trágica: durante uma procissão, ela teria dado à luz espontaneamente, revelando sua verdadeira identidade.
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