O desperdício de alimentos, por exemplo, pode mostrar muito como é a dieta e os hábitos alimentares de uma pessoa. O lixo do banheiro pode prover uma boa ideia sobre os hábitos de higiene e bem-estar geral daquela família.
Vasculhar o lixo das pessoas para extrair dados pode parecer pouco atraente, mas a garbologia é, na verdade, um campo de pesquisa da arqueologia bem estabelecido.
O termo garbologia existe desde a década de 1970. Foi cunhado pela primeira vez por um escritor e ativista, mas rapidamente se tornou associado com o antropólogo William Rathje. O nome veio da palavra garbage, que em inglês significa lixo.
Rathje e seus colegas lideraram um estudo chamado Tucson Garbage Project, que envolveu a limpeza de aterros sanitários em Tucson, Arizona, e a extração de resíduos para análise.
E sabe o que aconteceu (sem surpresa alguma, diga-se de passagem)? Que as pessoas claramente minimizavam a quantidade de junk food e álcool que estavam consumindo.
Desde então, a garbologia tem fornecido dados valiosos tanto para pesquisadores políticos quanto para historiadores, em situações em que seria difícil entender como as coisas funcionam.
Nas décadas de 1990 e 2000, pesquisadores puderam aprender sobre a história da Revolução Cultural da China a partir de resíduos jogados fora por famílias locais ou funcionários públicos.
Incapazes de acessar os arquivos oficiais, os pesquisadores iam aos mercados de pulgas no fim de semana em busca de pacotes de documentos que tinham como destino serem destruídos.
Os vendedores ambulantes nos mercados logo se familiarizaram com o que os pesquisadores procuravam e os ajudaram a escolher artigos que detinham informações valiosas.
Por exemplo, o pesquisador canadense Jeremy Brown foi capaz de colocar as mãos em documentos que mostravam como as deportações de pessoas de áreas urbanas para as rurais tinham sido orquestradas pelos governos locais.
Mais recentemente, a garbologia até nos ajudou a vislumbrar o funcionamento interno da Coreia do Norte, um dos países mais secretos e enigmáticos do mundo. Certamente, o líder Kim Jong-un mão gostou nada de saber disso!
De acordo com uma matéria no The Guardian de fevereiro de 2022, um professor na Coreia do Sul coletou mais de 1.400 embalagens de produtos norte-coreanos que foram parar na costa sul-coreana.
Na Polônia, o arqueólogo Grzegorz Kiarszys foi capaz de construir uma imagem de como era a vida das pessoas que viveram nas antigas bases de armas nucleares soviéticas.
Ele estudou os destroços encontrados em algumas dessas bases. Muita coisa era realmente doméstica: lâminas de barbear, batons e sacos usados de leite em pó estavam por toda parte. Mas teve uma descoberta que ajudou a visualizar melhor a vida dos militares.
Curiosamente, ele também encontrou alguns brinquedos infantis relativamente caros, como blocos de montar Lego, que não estavam disponíveis para o público em geral na Polônia comunista.
Isso sugere que os oficiais soviéticos que vivem nessas bases tinham acesso a moeda estrangeira que lhes permitia fornecer a seus filhos esse tipo de brinquedo.
No entanto, a garbologia não se restringe só à área acadêmica: também tem uma aplicação comercial. Há décadas as empresas têm usado o lixo das pessoas para aprender sobre consumo.
A empresa estava interessada em descobrir como seus iogurtes estavam indo em comparação com outros produtos em seu nicho de mercado.
Os domicílios participantes foram pagos para colocar as embalagens de certos produtos, incluindo iogurtes, numa lata de lixo separada na hora de descartá-las.
É claro que os participantes podem ter se comportado de forma diferente porque sabiam que o lixo seria analisado. Mas, no geral, parece que a Ski conseguiu os dados que precisava.
Ainda hoje, quando códigos de barras e cartões de fidelidade facilitam muito a vida dos varejistas na hora de rastrear o que está sendo vendido (ou não), há uma certa atratividade pela garbologia.
De acordo com a consultora de marketing aposentada Datha Damron-Martinez, ela costumava recomendar que as empresas usassem garbologia para aprender mais sobre as tendências de um público-alvo.
No entanto, empresas que dependem de garbologia para suas pesquisas de mercado nem sempre são bem vistas. Em 2001, a Proctor & Gamble decidiu parar seu projeto de "mergulho na lixeira".
Para os garbologistas que analisam o lixo das pessoas diariamente, há a desvantagem adicional de que eles são constantemente lembrados do quanto consumimos como sociedade. Mas isso é outro assunto...
Fonte: (BBC)
A maioria de nós, pessoas normais, não pensa duas vezes nas coisas que jogamos no lixo, além de nos certificarmos de reciclar corretamente, é claro! Mas, se a gente parar para pensar sobre isso, as coisas que jogamos fora podem realmente dizer às pessoas muito sobre nossos estilos de vida e hábitos. E é por essa razão que a garbologia, o estudo do lixo, tem se tornado uma disciplina tão popular. Sim, esse campo da ciência realmente existe!
Bateu curiosidade? Na galeria, entenda tudo sobre garbologia!
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