Brunilda (c. 543-613) foi rainha consorte do reino franco da Austrásia pelo casamento com o rei Sigeberto I. Depois que sua irmã foi assassinada, Brunilda passou décadas se vingando por sua morte, um período que a colocou em conflito com a Igreja, a nobreza e outros membros da dinastia merovíngia. Os acontecimentos vieram à tona depois que o marido de Brunilda foi assassinado. Ela acabou sendo derrotada em batalha e, mais tarde, brutalmente executada. A rainha foi amarrada aos cascos de cavalos selvagens e desmembrada — uma maneira excepcionalmente bárbara de morrer mesmo para os padrões medievais.
Imagem: De Casibus Virorum Illustrium, atribuída a Maître François, Paris, c. 1475
Em Roma, num dos episódios mais bizarros já registrados durante a Idade Média, o Papa Estêvão VI ordenou a exumação do Papa Formoso, que estava morto há vários meses, e levou seu corpo a julgamento por crimes que ele supostamente havia cometido quando estava vivo. O acontecimento ficou conhecido como o Sínodo do C a d á v e r ou Synodus Horrenda. Após ser considerado culpado dos crimes, o reinado de Formoso foi invalidado e o corpo foi então reenterrado em uma sepultura comum.
Imagem: Musée des Beaux-Arts, Nantes, 1870.
Carlos, o Bom (1084-1127), conde da Flandres, foi assassinado em 2 de março de 1127 por um grupo de cavaleiros que respondia à poderosa e influente família Erembald. Ele estava ajoelhado em oração dentro de uma igreja em Bruges (hoje na Bélgica). Sua morte provocou indignação pública generalizada e desencadeou uma cadeia de eventos que causou tumulto na Flandres do século XII. Hoje considerado um mártir e santo, Carlos não foi formalmente beatificado até 1882.
Imadadim Zengui era um atabegue (nobre) de Alepo. Ele foi o governante iraquiano que fundou a dinastia dos Zênguidas e liderou os primeiros contra-ataques significativos contra os reinos cruzados no Oriente Médio. Ambicioso e faminto por poder, Zengui lutou muito para criar um reino na região de Levante (Mediterrâneo), incluindo a Síria e a Palestina. E ele teria conseguido, se não fosse por um escravo eunuco de origem Franca que estava descontente. O homem, chamado Iarancaxe, tinha um rancor pessoal e assassinou Zengui em setembro de 1146.
Thomas Becket foi Arcebispo de Cantuária de 1162 até seu assassinato em 1170. Seu destino foi selado depois de um prolongado conflito com o rei Henrique II sobre os direitos e privilégios da Igreja. Em 29 de dezembro de 1170, Becket foi assassinado por quatro cavaleiros armados na Catedral de Canterbury. Ele é hoje venerado como santo e mártir pela Igreja Católica e pela Comunhão Anglicana.
Conhecido como Ricardo Coração de Leão, Ricardo I foi rei da Inglaterra de 1189 até sua morte em 1199. Seu óbito foi resultado de um dardo disparado de um arpão que o atingiu no ombro enquanto seu exército sitiava um castelo em Châlus-Chabrol, França. A ferida, mais tarde, se tornou uma gangrena e o monarca ferido acabou sucumbindo à infecção. Antes de morrer, Ricardo conheceu o garoto que o tinha como alvo. Em vez de ordenar sua execução, o rei o perdoou. Infelizmente, o último ato de cavalheirismo de Ricardo provou ser infrutífero. O infame capitão mercenário Mercadier esfolou o garoto vivo e o enforcou assim que Ricardo morreu.
Arthur I, Duque da Bretanha (1187-1203) tinha apenas 16 anos quando conheceu seu fim. O herdeiro designado para o trono da Inglaterra foi assassinado enquanto estava preso no Castelo de Rouen, na França, muito provavelmente pelo próprio monarca em exercício, o rei João. Arthur havia participado de uma rebelião fracassada contra ele. Seu corpo acabou sendo encontrado no rio Sena por um pescador em 1203.
O fora-da-lei medieval conhecido como Roger Godberd é uma das pessoas consideradas a inspiração por trás da lenda de Robin Hood. Ele certamente operou em Sherwood Forest e foi brevemente detido em 1272 por Reginald de Grey, o Xerife de Nottingham. Apesar de escapar da captura novemente com a ajuda de nobres locais, Godberd acabou sendo encontrado e preso. Ele passou por várias prisões antes de ser julgado na Torre de Londres. Há duas versões do final dessa história: ou "Hood" recebeu o perdão de Eduardo I ou morreu encarcerado em Newgate Goal em 1276.
Pedro de Verona era um frade dominicano que levava jeito com as palavras e se tornou um pregador célebre em seu tempo. Sua eloquência, no entanto, foi também o que o prejudicou. Depois de denunciar atos de heresia e católicos que professavam sua fé por palavras, mas agiam contra ela em atos, Pedro foi violentamente assassinado por dois homens. Ele foi canonizado como santo católico 11 meses após sua morte, tornando esta a canonização mais rápida da história.
O nobre italiano Ugolino della Gherardesca (c. 1220-1289) teve um fim lento e desagradável. Ele foi preso pelo arcebispo de Pisa por traição na Torre della Muda com seus filhos, Gaddo e Uguccione, e seus netos, Nino e Anselmuccio. Eles foram deixados lá para morrer de fome. O destino do infeliz Gherardesca aparece com destaque em 'A Divina Comédia' de Dante.
O escocês João Comyn, apelidado de "Vermelho" por causa da cor do seu cabelo, era um barão escocês rico com ligações com as famílias reais escocesas e inglesas. Ele desempenhou um papel importante na Primeira Guerra da Independência escocesa, mas, ao fazer isso, ganhou muitos inimigos. Um desses inimigos era Roberto de Bruce, rei dos escoceses. Roberto de Bruce vingou seu pai matando Comyn em Greyfriars Church, Dumfries, em 10 de fevereiro de 1306. Durante o ataque, Sir Roberto Comyn, tio de João, também foi morto. O cunhado de Bruce, Christopher Seton, deu um golpe em sua cabeça.
A família Despenser era um das famílias da corte mais corruptas da Inglaterra. Favoritos de Eduardo II, eles usaram suas conexões reais para acumular riqueza e poder substanciais. Em 1317, Hugh Despenser, o Jovem, garantiu um lugar (depois de muita bajulação) no círculo interno do monarca e conseguiu se colocar na posição de controlar o acesso ao rei. Isso enfureceu a esposa de Eduardo II, a rainha Isabel, e seu amante Roger Mortimer, que juntos mais tarde planejaram com sucesso derrubar Eduardo. Os dois Hugh, o Velho e o Jovem, foram eventualmente executados, seus corpos estripados e dados como comida a cães selvagens. Na foto está Hugh Despenser, o Jovem.
Imagem: Founders and Nenefactors Book of Tewkesbury Abbey, c. 1525; Biblioteca Bodleian, Oxford
A já mencionada Rainha da Inglaterra e esposa do rei Eduardo II, Isabel da França (1295-1358), derrubou seu marido em 1325, mais ou mesnos na época em que começou a ter um caso com o nobre Roger Mortimer. Ambos queriam ver Eduardo removido do poder. O monarca expulso morreu preso no Castelo de Berkeley durante a noite de 21 de setembro de 1327. Sua morte é muito contestada pelos historiadores e há muitas teorias sobre isso. A maioria acredita que ele foi assassinado por ordem do novo regime. Outros dizem que Isabel matou ela mesma Eduardo. Isso ainda está em debate 800 anos depois.
Imagem: Crônicas de Jean Froissart, c. 1475
Liderados por James Coterel e seus irmãos, Nicholas e John, este grupo de bandidos atuava em Derbyshire, no leste de Midlands na Inglaterra. Em 1330, a gangue dirigia uma lucrativa rede de proteção. Logo depois, os Coterel estavam sendo caçados por assassinato, extorsão e uma série de sequestros de pessoas importantes. Eventualmente reunidos, James, Nicholas e John escaparam da forca ao concordarem em lutar pelo rei na Segunda Guerra da Independência escocesa em 1332.
O inglês John FiztWalter era um rico proprietário de terras de uma linhagem nobre e antiga de Essex que usou sua riqueza e privilégio para financiar uma série de atividades criminosas, particularmente dentro e ao redor da cidade de Colchester. Sua gangue aterrorizou a comunidade local, envolvendo-se em roubo de gado e extorsão, e roubando mercadorias de comerciantes. A justiça finalmente o alcançou em 1351 e FitzWalter passou um tempo preso na Torre de Londres. Mais tarde, ele foi multado e eventualmente libertado depois de um perdão real. Na foto está o selo do bisavô de John, Robert FitzWalter, 1º Barão FitzWalter, que morreu em 1235.
Jacquerie é uma das mais infames revoltas camponesas da Idade Média. A rebelião ocorreu no norte da França em meados de 1358 durante a Guerra dos Cem Anos e ficou conhecida como "Jacquerie" porque os nobres ridicularizavam os camponeses, chamando-os de "Jacques" ou "Jacques Bonhomme". A revolta foi caracterizada por níveis excepcionais de brutalidade perpetrados por ambos os lados, atrocidades que incluíam linchamento generalizado, a imolação de vítimas vivas e violência s e x u a l. Muitas centenas morreram durante a revolta, com mais 20.000 camponeses anônimos mortos nas represálias que se seguiram.
As façanhas do líder de gangues do século XIV conhecido como Adão, o Leproso, intrigaram o sudeste da Inglaterra nas décadas de 1330 e 1340. Ele e sua gangue se especializaram em roubos, especialmente de joias da nobreza. O mais notório assalto da gangue foi o saque de pedras preciosas pertencentes a Filipa de Hainault, rainha consorte de Eduardo III. Adão e seus comparsas nunca foram pegos. Ele provavelmente viveu por mais 20 anos, morrendo no início da década de 1360.
Uma das mais infames festas medievais foi a organizada pela Rainha da França na residência real, Hôtel Saint-Pol, em 1393. Uma trupe de dançarinos (vestidos com trajes encharcados de resina e presos com fios de linho para parecerem como monstros) estava entretendo a comitiva real, que incluía Carlos VI. Infelizmente, as chamas de uma tocha incendiaram o linho das roupas dos artistas, e o fogo foi alimentado pela resina inflamável. Quatro membros da infeliz trupe foram engolidos pelas chamas. A tragédia ficou conhecida como Bal des Ardents ou a "Baile dos Ardentes".
Geoffrey Chaucer (c. 1340-1400) é amplamente considerado um dos maiores e mais influentes poetas da Idade Média e é frequentemente chamado de "pai da literatura inglesa". Mas o autor de 'Os Contos de Cantuária' teria sido assassinado? Rumores sobre como sua morte aconteceu ultrapassaram os séculos. Algumas teorias acreditam que ele foi assassinado porque seus escritos sugeriam heresia por parte do rei Ricardo II. Chaucer foi enterrado na Abadia de Westminster, em Londres, na área agora conhecida como Canto dos Poetas.
João I, segundo duque da Borgonha, ganhou o apelido de Sem Medo durante uma cruzada que tentou liderar contra os turcos em Nikopol em 1396. Um político precipitado, implacável e inescrupuloso, João estava por trás da morte do irmão do rei Carlos VI, o Duque de Orléans. Este ato selvagem acabou levando à sua própria morte, assassinado pelos homens de Carlos em 10 de setembro de 1419. Sua morte prolongou a Guerra dos Cem Anos em décadas.
Jaime definhou como prisioneiro na Torre de Londres por 20 anos antes de ser solto em 1423 e ser coroado rei Jaime I da Escócia. Durante seus 13 anos de reinado, ele estabeleceu a primeira monarquia forte que a Escócia teve em quase um século. Mas isso não impediu que ele fosse assassinado em 21 de fevereiro de 1437, num golpe fracassado de seu tio Walter Stewart, Conde de Atholl.
Como o quinto Duque de Milão, Galeácio Maria Sforza (1444-1476) exerceu muito poder. Mas ele foi cruel, luxurioso e tirânico nos negócios. Ele só viveu por muito tempo por causa do medo que incutiu no povo e em seus inimigos. Mas em 26 de dezembro de 1476, em um esforço para desestabilizar a relação entre Milão e Florença, três funcionários de alto escalão na corte milanesa — Carlo Visconti, Gerolamo Olgiati e Giovanni Andrea Lampugnani — esfaquearam Sforza até a morte dentro da Basílica di Santo Stefano Maggiore em Milão, a mesma igreja na qual, quase 100 anos depois, o grande pintor italiano Caravaggio seria batizado.
Assaltante escocês que virou herói popular, Johnnie Armstrong liderou uma gangue de saqueadores que assediaram e saquearam assentamentos no norte da Inglaterra e sul da Escócia por 10 anos entre 1520 e 1530. Os ladrões operavam em dois fortes localizados em ambos os lados da fronteira sem lei. A sorte de Armstrong acabou quando Jaime V se tornou rei da Escócia. O monarca renegou a promessa de proteção que tinha sido dada ao bandido e prontamente o enforcou, junto com 24 de seus seguidores. A vida super romantizada de Armstrong é o tema de uma das 305 baladas tradicionais da Inglaterra e Escócia antologizadas por Francis James Child durante a segunda metade do século XIX e publicadas como várias edições a partir de 1904. Na foto está o antigo esconderijo de Johnnie Armstrong, c 1870 - Gilnockie Tower em Dumfries e Galloway, Escócia. As ruínas ainda existem hoje.
A maneira horrível pela qual o nobre húngaro György Dózsa (1470-1514) encontrou seu fim mostrou como a era medieval conseguia ser ainda mais baixa. Capturado junto com outros rebeldes, depois de liderar uma revolta de camponeses, Dózsa foi torturado com alicates quentes. Seus companheiros conspiradores foram ordenados a comer sua carne retalhada. Aqueles que recusaram foram imediatamente executados. O corpo de Dózsa foi esquartejado depois. Sua morte e a brutal supressão dos camponeses ajudaram (e muito) na invasão otomana no Reino da Hungria em 1526.
A Lei 1584 contra os jesuítas proibiu cerimônias religiosas católicas e transformou o fato de abrigar um sacerdote num crime, punível com a morte. Isso não dissuadiu Margarida Clitherow de abrigar e sustentar padres, muito provavelmente no bar O Cisne Negro, em York, Inglaterra. Em março de 1586, o local foi revistado e o esconderijo dos padres foi descoberto. Clitherow foi executada com um método bem horrível: ela foi esmagada até a morte pela porta de sua própria casa. Pedras e mais pedras foram adicionadas como peso até que sua coluna estalasse. Ela foi canonizada em 1970 pelo Papa Paulo VI e hoje é considerada uma mártir da Igreja Católica Romana. O Cisne Negro, aliás, ainda existe e uma placa conta aos desavisados sobre o que aconteceu há mais de 400 anos.
A forca de Tyburn (conhecida coloquialmente como a "Árvore de Tyburn") foi o principal local para a execução de criminosos londrinos e traidores condenados, incluindo muitos mártires religiosos, do século XVI até 1759. A forca estava onde o Arco de Mármore fica agora, no centro de Londres.
Imagem: Arquivos Nacionais (Reino Unido)
Fontes: (Southam College) (Britannica) (National Geographic) (History Today)
A era medieval é o período da história europeia que se estende mais ou menos dos anos 500 até o final de 1500, uma época também conhecida como Idade Média. Eram tempos incertos, caracterizados por tumultos, crises e ilegalidades. De fato, os governos medievais estavam sempre preocupados com a quantidade de crimes violentos que aconteciam em todas as regiões. Alguns dos atos mais brutais de selvageria foram cometidos em nome da religião. Muitos mais foram politicamente motivados, com muito sangue da realeza derramado como resultado. Mas, assim como ainda acontece hoje, também havia gangues comuns de rua à espreita, saqueando, assaltando, assassinando e saindo impune.
Curioso sobre essa época? Clique na galeria e desvende assassinatos medievais, crimes e transgressões.
Filipe da Suábia (1177-1208) foi o primeiro rei alemão a ser assassinado durante o reinado. Reconhecido pelo Papa Inocêncio III como rei (ele também prometeu coroá-lo imperador), Filipe foi morto num crime de vingança, por Otão da Baviera, Conde palatino da Baviera, a quem recusou dar a mão de uma de suas filhas em casamento.
Os crimes e assassinatos mais brutais da Idade Média
A vida nessa época era muitas vezes perigosa, imprevisível... e curta!
LIFESTYLE Crime
A era medieval é o período da história europeia que se estende mais ou menos dos anos 500 até o final de 1500, uma época também conhecida como Idade Média. Eram tempos incertos, caracterizados por tumultos, crises e ilegalidades. De fato, os governos medievais estavam sempre preocupados com a quantidade de crimes violentos que aconteciam em todas as regiões. Alguns dos atos mais brutais de selvageria foram cometidos em nome da religião. Muitos mais foram politicamente motivados, com muito sangue da realeza derramado como resultado. Mas, assim como ainda acontece hoje, também havia gangues comuns de rua à espreita, saqueando, assaltando, assassinando e saindo impune.
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