Piadas racistas, pessoas que fazem blackface, a violência da polícia com as pessoas negras, os ataques ao jogador brasileiro Vinicius Junior durante jogos pelo Real Madrid, acusações de racismo dentro da Realeza Britânica, dentro de reality shows como o 'Big Brother Brasil'... Notícias como essas trazem à tona questões que há muito tempo vêm sendo negligenciadas.
Aqueles que não são diretamente afetados pela marginalização e discriminação agora estão se perguntando se fazem parte do problema. A dura verdade é que você não precisa ser preconceituoso para contribuir com o racismo estrutural (também conhecido como sistêmico), que pode ser velado e estar disfarçado em várias nuances. Milhões de pessoas em todo o mundo estão, sem saber, apoiando um sistema que prejudica outros indivíduos, simplesmente se beneficiando do status quo (o estado das coisas) sem se questionarem. Por isso, é tão importante refletir sobre os privilégios e o impacto destes quando vivemos em comunidade.
Na galeria, veja por que não devemos nos abster de tópicos sensíveis (mesmo que nos causem constrangimentos) e como agir para ajudar alguém em situação de vulnerabilidade.
No entanto, não é mais possível evitar ter essas conversas, se levarmos em consideração os tempos em que vivemos.
Os assassinatos de pessoas negras pela polícia nos EUA, bem como o impacto desproporcional do coronavírus nas minorias, fizeram desta questão como um problema incontornável e que deve ser discutido.
Por exemplo, em Singapura, um país altamente moderno e progressista em muitos aspectos, existe uma lei que criminaliza a "indecência grosseira" entre dois homens.
A lei em questão é a Seção 337A do Código Penal do país. Sua redação é tão vaga que cobre tudo, desde um comportamento genuinamente antiético a relações íntimas consensuais entre dois adultos.
Houve repetidas tentativas de revogar essa lei, mas elas foram rejeitadas em março de 2020.
No entanto, quando analisamos os números e as experiências das minorias, fica claro que elas não têm os mesmos direitos e oportunidades.
As taxas de desemprego para negros nos EUA têm sido o dobro das taxas enfrentadas por brancos nos últimos 60 anos, por exemplo.
Segundo o sociólogo Eduardo Bonilla-Silva, "o principal problema hoje em dia não são as pessoas de capuz, mas as pessoas de terno".
Consegue andar por uma loja sem ser seguido por seguranças? Fala com a polícia sem medo, ou vê pessoas que se parecem consigo no cinema e no restaurante? Então, certamente você se beneficia de algum tipo de privilégio.
O privilégio não torna uma pessoa imune às dificuldades da vida. Um indivíduo pode, sem saber, se beneficiar do privilégio de ter um certo tom de pele, mesmo que tenha passado por outras grandes lutas pessoais.
Em 'Language and Silence: Making Visible Systems of Privilege' (1995), os acadêmicos Wildman e Davis explicam que as vidas que levamos afetam o que somos capazes de ver e ouvir no mundo ao nosso redor.
Envolver-se em discussões, autorreflexão e autoeducação sobre outras experiências, além da nossa, é uma parte essencial para quebrar as barreiras da desigualdade.
O primeiro passo é olhar para dentro e examinar as nossas próprias experiências. Profissionais recomendam que façamos a nós mesmos a lista de perguntas a seguir.
Quando foi a última vez que você teve de pensar sobre sua etnia, raça, identidade de gênero, orientação s-xual, nível de competência e religião? Além disso, o que fez com que você tivesse de reconhecer ou pensar sobre alguma dessas coisas?
Ao ver TV, qual a probabilidade de assistir a um programa com personagens que o representem (com base nas características mencionadas acima)?
Qual é a diversidade dos seus feeds de redes sociais? Existe representatividade de vários grupos sociais, étnicos e da comunidade LGBTQ+ entre os seus amigos, seguidores e quem você segue?
Com que frequência você participa de um evento com pessoas diferentes de si mesmo (ou seja, de uma raça, gênero, religião, etc. diferentes)?
Como você reage quando as pessoas ao seu redor fazem comentários negativos sobre indivíduos de outras raças, outros gêneros, outras religiões, etc., diferentes dos seus?
Há diversidade no bairro onde você mora?
Como você se sente quando está numa comunidade diferente da sua?
O que você poderia fazer para tornar seu bairro/comunidade mais inclusivos e sensíveis?
Se já refletiu e descobriu que se beneficia de privilégios, o que fez depois dessa tomada de consciência?
Para aqueles que têm mais privilégios, é importante usar a infinidade de recursos disponíveis para entender o que significa ter privilégios e como eles podem ser usados para o bem.
Exemplos incluem intervir numa situação em que uma pessoa de minoria esteja sendo discriminada, ser testemunha ativa se alguém estiver sendo assediado e envolver-se em atividades promotoras de imparcialidade para tornar a sua escola, local de trabalho e comunidade mais inclusivos.
Racismo estrutural: Vamos entender logo de uma vez o que é?
É importante refletir sobre os privilégios
LIFESTYLE Racismo estrutural
Piadas racistas, pessoas que fazem blackface, a violência da polícia com as pessoas negras, os ataques ao jogador brasileiro Vinicius Junior durante jogos pelo Real Madrid, acusações de racismo dentro da Realeza Britânica, dentro de reality shows como o 'Big Brother Brasil'... Notícias como essas trazem à tona questões que há muito tempo vêm sendo negligenciadas.
Aqueles que não são diretamente afetados pela marginalização e discriminação agora estão se perguntando se fazem parte do problema. A dura verdade é que você não precisa ser preconceituoso para contribuir com o racismo estrutural (também conhecido como sistêmico), que pode ser velado e estar disfarçado em várias nuances. Milhões de pessoas em todo o mundo estão, sem saber, apoiando um sistema que prejudica outros indivíduos, simplesmente se beneficiando do status quo (o estado das coisas) sem se questionarem. Por isso, é tão importante refletir sobre os privilégios e o impacto destes quando vivemos em comunidade.
Na galeria, veja por que não devemos nos abster de tópicos sensíveis (mesmo que nos causem constrangimentos) e como agir para ajudar alguém em situação de vulnerabilidade.