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O médico grego Hipócrates é conhecido por ser o antepassado da medicina. Sua teoria básica era que havia quatro humores no corpo humano: bile negra, bile amarela, sangue e fleuma. E cada humor tinha qualidades diferentes: quente, frio, úmido e seco.

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Os quatro humores também refletiam elementos naturais – fogo, água, terra e ar – bem como as quatro estações. O papel da medicina era essencialmente equilibrar esses humores, pois um desequilíbrio causaria doenças. Nos tempos medievais, essa crença ainda estava presente.

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Remédios pagãos e populares, principalmente com base em plantas medicinais, eram comuns em toda a Europa. O Cristianismo passou a absorver muitas dessas práticas quando se espalhou por todo o continente.

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Os mosteiros tornaram-se centros de estudo e conhecimento, onde as plantas medicinais eram cultivadas e os licores eram fabricados. Cuidar dos doentes era uma parte essencial da caridade cristã.

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Mosteiros e abadias acolhiam pessoas doentes de todas as esferas da vida. A prática derivava de antigas clínicas gregas e romanas.

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Até então, o isolamento e as quarentenas eram uma prática comum. Pessoas que sofriam de certas doenças (a hanseníase, por exemplo, mais conhecida como lepra) eram isoladas da comunidade em geral.

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O cirurgião e filósofo grego do século II, Galeno, influenciou fortemente a prática medicinal nos tempos medievais. No entanto, como a dissecação de seres humanos não era permitida, todo o seu conhecimento e teorias sobre a anatomia humana eram baseados em animais.

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Galeno acreditava que o coração era vermelho porque a alma, que era a fonte de toda a emoção, residia nele. A teoria de Galeno evoluiu para a crença de que a alma era dividida em três partes: o racional, que residia no cérebro; o espiritual, que residia no coração; e a alma que controlava as funções corporais, que residia no fígado.

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Galeno também era um cirurgião talentoso e a maioria dos cirurgiões medievais usava seus textos sobreviventes como guias. No entanto, a cirurgia só começou a ser ensinada formalmente a partir do século XII.

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É surpreendente o fato desses cirurgiões treinados em medicina terem uma posição muito baixa na hierarquia da profissão médica. Porém, eles ainda estavam acima dos cirurgiões barbeiros, que faziam tarefas mais simples, como costurar feridas e parar sangramentos.

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Nos séculos XII e XIII, a Universidade de Pádua evoluiu seu treinamento para incluir dissecações de corpos e autópsias. A maioria dos textos era escrita em latim, o que significa que os alunos eram alfabetizados nessa língua.

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O francês Guy de Chauliac escreveu um dos textos mais importantes sobre a prática da cirurgia. Sua visão era surpreendentemente holística e ele defendia que a cirurgia fosse um último recurso, com alimentos, hidratação e medicamentos sendo uma prioridade no protocolo de tratamento.

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As superstições reinavam na Era Medieval, com muitas doenças sendo atribuídas ao diabo ou como um castigo de Deus. Uma condição muito estranha na qual os médicos anglo-saxões acreditavam era conhecida como elf-shot, ou tiro de elfo.

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Essa doença "surgia" quando as vítimas eram, supostamente, acertadas com flechas invisíveis por elfos invisíveis. Sintomas como dores de cabeça e dores nas articulações eram frequentemente atribuídos ao elf-shot. A aplicação de pasta de folhas de tanaceto (que tem forma de seta) era muitas vezes a cura proposta. Quanto à prevenção, um amuleto visível era recomendado para dissuadir os elfos.

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Os cristãos seguiam o texto de herbalismo Doutrina das Assinaturas para fazer seus remédios. Acreditava-se que as plantas traziam pistas sobre o que poderiam tratar. Por exemplo, as folhas porosas da erva de São João eram boas para erupções cutâneas.

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Licenças para praticar medicina surgiram nos tempos medievais. A maioria das escolas médicas (que levava cinco anos para ser concluída) só aceitava estudantes com um mestrado anterior em artes e com bons conhecimentos de latim e grego.

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Vinagre ou salmoura eram comumente usados para limpar feridas. Os ricos podiam ter acesso à mirra. Yarrow (uma mistura de óleo essencial de milefólio com óleo de semente de romã) também era usado para tratar feridas. Porém, no final, sem saneamento adequado e sem antibióticos, muitos machucados acabavam infectados, levando a consequências graves, como gangrena e até a morte.

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Os médicos estavam no topo da hierarquia, seguidos por cirurgiões, cirurgiões barbeiros, barbeiros e boticários (que faziam e proviam os medicamentos). As parteiras não eram consideradas médicas e não havia enfermeiros naquela época.

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Quer dizer, eles iam nas casas das pessoas ricas. Os médicos eram chamados quando alguém estava doente ou ferido. Não existia medicina preventiva.

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Os exames geralmente envolviam medição do pulso, verificação da temperatura corporal em busca de sinais de febre e exame do xixi do paciente - cor, cheiro e sabor eram analisados.

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Assim como as feridas, as queimaduras também eram bastante comuns na Idade Média. Os médicos muitas vezes aplicavam pomadas e emplastros para manter a pele úmida. Estes eram muitas vezes feitos com vinagre, óleos de ervas, óleo de rosas, ovos e ópio.

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Muitos membros feridos e infectados acabavam sendo amputados. Essas cirurgias eram realizadas o mais rápido possível para minimizar a perda de sangue. Para tratar membros quebrados, os moldes eram frequentemente feitos usando uma mistura de ovos e farinha. Eles eram duros o suficiente para manter o membro no lugar, mas não fortes o suficiente para suportar o peso da pessoa.

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Durante as Cruzadas, soldados e peregrinos levaram muito conhecimento médico do mundo muçulmano para a Europa.

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O médico persa Muhammad ibn Zakariya al-Razi, conhecido no Ocidente como Rasis, não só foi o primeiro a escrever sobre imunologia, mas também é creditado pelo desenvolvimento da pediatria, com seu livro 'As Doenças das Crianças'. Ele também foi o primeiro médico a reconhecer a febre como um mecanismo de defesa na presença de infecção.

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O médico e filósofo islâmico, Abu al-Husayn ibn Sina, que ficou conhecido na Europa como Avicena, é o autor do Cânone da Medicina. O texto contém informações sobre a preparação e o teste de medicamentos. Ele defendia a pureza dos ingredientes e o que mais tarde ficou conhecido como ensaios clínicos.

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O polímata islâmico Ibn al-Nafis é conhecido por descrever a circulação de sangue no corpo humano, através do coração e dos pulmões, contradizendo a teoria de Galeno de que o sangue fluía do fígado.

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Os corpos celestes eram associados a partes do corpo. O sol, por exemplo, era associado ao coração. Os signos do zodíaco também influenciavam no diagnóstico, dependendo de onde a lua estava quando os sintomas apareceram.

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Acreditava-se que doença mental era uma manifestação do mal, por isso deveria ser tratada como tal, com orações e exorcismos.

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Um procedimento que envolvia a perfuração de um buraco no crânio, conhecido como trepanação, também era realizado por cirurgiões para tratar doenças do cérebro. Outros métodos bárbaros também foram desenvolvidos e usados.

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Os dentatores, como os dentistas medievais eram chamados naquela época, recorriam à extração dos dentes. Mais uma vez, o mundo árabe lançou uma nova luz no tratamento de cáries, onde o procedimento era tirar a cárie e encher o dente.

Fontes: (History Collection) (Medical News Today) (Wired)

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Os cirurgiões poderiam costurar feridas, mas, por exemplo, a realização de cirurgia para remover uma ponta de flecha não era permitida.

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É trágico que a história da medicina esteja contaminada com erros e falta de conhecimento sobre a fisiologia e a patologia humanas. Mas nós evoluímos através de tentativa e erro e agora percorremos um longo caminho no campo da medicina. De fato, a Idade Média foi um período crucial quando se trata da evolução da medicina e das práticas de saúde. Foi quando as primeiras escolas médicas foram criadas e quando crenças antigas foram desafiadas.

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