Seja por protesto ou não.
Em algumas culturas, inclusive na nossa, os túmulos são lugares onde os vivos podem continuar a honrar os mortos. Mais comumente, flores, velas e bichos de pelúcia são deixados ali como símbolos de amor, respeito e admiração. Esses presentes são uma maneira das pessoas se sentirem conectadas com o falecido. Algumas lápides, no entanto, receberam itens bastante incomuns, que ficam ainda mais incomuns se não entendermos o contexto por trás daquilo (embora, às vezes, nem mesmo o contexto possa explicar completamente algumas coisas...). Esses estranhos presentes nas sepultura muitas vezes têm contos fascinantes ligados à história da figura falecida e fornecem algumas informações sobre seu impacto nas pessoas.
Clique na galeria a seguir e descubra as coisas mais incomuns (e bizarras) que as pessoas deixam nos túmulos de figuras famosas e quais os motivos por trás disso.
O famoso poeta Edgar Allan Poe morreu em 1849 em circunstâncias misteriosas e foi enterrado em Baltimore, Maryland, EUA. Um século após sua morte, em 1949, surgiu uma pessoa misteriosa agora referida como a "Poe Toaster". Parece que essa pessoa tomava uma bebida todos os anos com o autor falecido no dia 19 de janeiro, aniversário de Poe.
Poe Toaster chegava mascarado e deixava três rosas vermelhas e meia garrafa de conhaque no túmulo. Dizem que no final da década de 1990 a figura misteriosa foi substituída por seus filhos.
O ícone da pop art foi enterrado no Cemitério Católico Bizantino de São João Batista em Bethel Park, Pensilvânia, EUA. Uma câmera foi deixada para transmitir ao vivo seu túmulo 24 horas por dia, sete dias por semana. Isso fazia parte de uma colaboração entre o instituto The Warhol e a EarthCam como forma de transformar seu túmulo em uma peça de arte visual.
Na transmissão ao vivo, você certamente encontrará pessoas deixando para trás homenagens aos temas de algumas de suas obras mais famosas: latas de sopa Campbell e garrafas de Coca-Cola.
Fãs ergueram um túmulo para o amado elfo doméstico Dobby de 'Harry Potter' em Freshwater West Beach, em Pembrokeshire, País de Gales, onde a cena de sua morte foi filmada. O lugar atraiu ainda mais fãs que deixam um presente significativo no local: uma meia.
Na história, Dobby é libertado da servidão depois que seu dono malicioso, Lucius Malfoy, é enganado para presenteá-lo com uma meia. Mas o grande número de meias em sua homenagem se tornou uma preocupação ambiental para Freshwater West Beach. Funcionários da instituição National Trust Wales emitiram avisos pedindo aos fãs que não fizessem mais isso.
O jardim em homenagem à falecida Rainha Elizabeth II montado no Green Park (em frente ao Palácio de Buckingham) recebeu muitos sanduíches de marmelada – foram tantos, na verdade, que a organização Royal Parks até alertou oficialmente as pessoas para pararem de fazer isso por causa do impacto negativo na vida selvagem do parque.
O tributo do sanduíche vem de uma breve apresentação de comédia que a Rainha realizou com o Urso Paddington em comemoração ao seu Jubileu de Platina, no qual Paddington pergunta à Rainha: "Talvez você queira um sanduíche de marmelada?" Ele tira o chapéu e diz: "Eu sempre guardo um para emergências". A Rainha responde: "Eu também", e tira um sanduíche de dentro da bolsa. "Eu mantenho o meu aqui. Para mais tarde."
Companheiros na vida e na morte, os famosos filósofos, ativistas e escritores Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre foram enterrados juntos no Cemitério de Montparnasse, em Paris. Seus túmulos estão frequentemente repletos de bilhetes de metrô.
A maioria das teorias propõe que os bilhetes de metrô honram o apoio de Sartre a ativistas que roubavam bilhetes de metrô e distribuíam a membros da classe trabalhadora gratuitamente, ou que isso é uma forma de prestar homenagens às crenças socialistas compartilhadas pela dupla.
O imaginativo autor infantil, Roald Dahl, era compreensivelmente uma figura estranha – isso ficou bem claro a partir das ideias por trás de suas histórias. Mas, aparentemente, seu vegetal favorito era cebola, então os fãs deixam o tempero em abundância em seu túmulo em Great Missenden, Buckinghamshire, Inglaterra.
Autor de livros famosos como 'Matilda', 'A Fantástica Fábrica de Chocolate' e 'James e o Pêssego Gigante', seu túmulo também é frequentemente coberto com brinquedos, bugigangas e até pêssegos – que podem cheirar mal ao se misturar com as cebolas depois de um tempo.
Oscar Wilde foi um poeta e dramaturgo irlandês mais famoso por escrever 'O Retrato de Dorian Gray'. Ele morreu aos 46 anos em Paris e foi enterrado por lá, no cemitério Père Lachaise, onde um presente bastante incomum cobre completamente seu túmulo: beijos.
"Um beijo pode arruinar uma vida humana", escreveu Wilde certa vez. E seu túmulo está apropriadamente coberto de marcas de beijos de batom. Acontece que isso tornou-se um problema para o neto dele, Merlin Holland, que supostamente se queixou do passatempo cult turístico. Uma multa de €9.000 (mais de R$ 49 mil) é aplicada se o beijoqueiro for pego em flagrante.
Harry Houdini surpreendeu multidões ao redor do mundo com suas ilusões inteligentes, atos de fuga incompreensíveis e acrobacias ousadas. Quando morreu em 1926, ele foi enterrado no Queens, Nova York, no Cemitério Machpelah, onde os fãs deixam uma série de homenagens.
Cartas individuais e baralhos de cartas são regularmente deixados em seu túmulo, bem como vassouras de bruxa. O número de presentes sempre aumenta perto do Halloween, que é o aniversário de sua morte.
Rei da Prússia de 1740 a 1786, Frederico II ganhou seu apelido por ser um hábil líder militar, patrono da erudição e das artes, e um grande reformador dos assuntos internos e externos. Mas o que as pessoas deixam em seu túmulo não é nada habitual: batatas.
Um dos esforços mais notáveis de Frederico II foi, aparentemente, introduzir a batata na Prússia, o que proporcionou benefícios nutricionais e econômicos (e gustativos) aos seus súditos. Os visitantes do túmulo de Frederico em Potsdam, na Alemanha, mantêm sua memória viva com batatas.
O inteligente autor de 'O Guia do Mochileiro das Galáxias' escreveu: "Em algum lugar no cosmos, além de todos os planetas habitados por humanóides, reptilóides, peixóides, arvoróides ambulantes e tons de azul superinteligentes, haveria também um planeta habitado exclusivamente por seres vivos esferografóides. E era para esse planeta que iam todas as esferográficas perdidas e abandonadas, escapulindo por buraquinhos no espaço para um mundo onde elas podiam viver uma vida esferografóide, reagir a estímulos de caráter eminentemente esferografitico – em suma, levar a vida com que sonha toda esferográfica."
Por isso, não é tão surpreendente descobrir que, em homenagem ao falecido autor e sua obra, canetas esferográficas azuis são deixadas num recipiente em frente ao seu túmulo no Cemitério Highgate, em Londres.
Pioneira no movimento pelo sufrágio feminino nos EUA, o túmulo de Susan B. Anthony sempre é adornado nas eleições com uma homenagem aos seus esforços: centenas de adesivos "Eu votei" são colados por lá.
A prática de colar adesivos em seu túmulo no Cemitério Mount Hope, em Rochester, Nova York, foi encerrada em 2020, quando as autoridades locais cobriram sua lápide com um escudo de plástico para protegê-la da cola e dos materiais usados para limpá-la, mas agora as pessoas apenas colocam os adesivos no escudo.
Victor Noir foi um jornalista francês que morreu nas mãos do príncipe Pierre Napoleão Bonaparte (primo do imperador Napoleão Bonaparte III) em 1870. Sua morte tornou-se um símbolo de oposição ao regime imperial. O que é deixado em seu túmulo, no entanto, é uma homenagem bastante estranha.
Passadas de mão e beijos são os presentes de escolha no túmulo de Noir no Cemitério Père Lachaise, em Paris. A sepultura acabou se tornando um local que simboliza a fertilidade: os visitantes dão um beijo em sua figura esculpida e dão uma esfregada em suas partes íntimas com a esperança de engravidar logo depois. A área fortemente tocada é agora de uma cor diferente do resto de seu corpo.
O músico francês Serge Gainsbourg morreu de um ataque cardíaco em 1991 e foi enterrado no Cemitério de Montparnasse, em Paris, onde seu túmulo é frequentemente visto coberto com cabeças de repolho.
Gainsbourg, que se tornou o rosto do pop francês durante sua carreira, também ficou conhecido como "The Man with the Cabbage Head" ("o homem com a cabeça de repolho") depois que lançou o álbum conceitual de mesmo nome em 1976.
O vocalista do The Doors, Jim Morrison, foi enterrado em 1971, aos 27 anos, no cemitério Père Lachaise, em Paris. Os fãs rapidamente se reuniram no local e deixaram seu túmulo e outros ao redor cobertos de pichações, tanto que uma cerca teve que ser colocada em torno da sepultura, o que levou a algumas outras coisas interessantes deixadas por lá.
Pulseiras de todos os tipos, fotos, flores, notas e velas revestem a cerca. No túmulo de Morrison também é encontrada uma árvore com toneladas de chicletes deixados para trás. Muitas teorias suspeitam que o chiclete não é apenas uma maneira das pessoas dizerem que estiveram lá, mas também uma maneira de bater de frente simbolicamente com a autoridade – coisa que o próprio Morrison fazia.
Sergei Diaghilev foi um crítico e patrono das artes. Ele é considerado uma das figuras mais influentes do mundo da dança, e recebe o crédito pela retomada do balé na Europa e na Rússia durante o final do século XIX e início do século XX. Além disso, ficou famoso por estabelecer os Ballets Russes em Paris em 1909. Curiosamente, ele nunca foi um bailarino.
Ainda assim, em seu túmulo na ilha de San Michele, em Veneza, Itália, a sepultura é supostamente adornada com sapatilhas de ponta para honrar seu legado.
Miss Baker foi um dos dois primeiros animais a ir para o espaço e voltar vivo. Em 1959, esta macaca-esquilo e outra fêmea de macaco-rhesus, chamada Able, foram lançadas na órbita da Terra a bordo de um foguete, onde passaram 16 minutos antes de retornar com segurança ao solo – um marco importante na época.
Able morreu logo após seu retorno, mas Miss Baker viveu até 1984. Quando morreu, ela foi enterrada do lado de fora do Centro Espacial e de Foguetes dos EUA em Huntsville, Alabama, onde os visitantes deixam bananas para homenageá-la.
Fontes: (NBC) (Ranker) (Food & Wine)
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Em algumas culturas, inclusive na nossa, os túmulos são lugares onde os vivos podem continuar a honrar os mortos. Mais comumente, flores, velas e bichos de pelúcia são deixados ali como símbolos de amor, respeito e admiração. Esses presentes são uma maneira das pessoas se sentirem conectadas com o falecido. Algumas lápides, no entanto, receberam itens bastante incomuns, que ficam ainda mais incomuns se não entendermos o contexto por trás daquilo (embora, às vezes, nem mesmo o contexto possa explicar completamente algumas coisas...). Esses estranhos presentes nas sepultura muitas vezes têm contos fascinantes ligados à história da figura falecida e fornecem algumas informações sobre seu impacto nas pessoas.
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