De 'Wicked' a 'Ainda Estou Aqui', estes são alguns dos filmes mais bem avaliados do ano
É muito possível que a cineasta francesa Alice Guy-Blaché, nascida em 1873, sozinha tenha dado origem à ficção narrativa no cinema - e sem ajuda. Seu filme de 1896, 'La Fée aux Choux' (infelizmente perdido), é conhecido por ser o primeiro filme no mundo dirigido por uma mulher e é quase (mas não inteiramente) certo de que seja a primeira história fictícia escrita para o cinema e aplicada à sétima arte.
E esta não é a única reivindicação de fama de Guy-Blaché. Ela continuou a ter uma longa e histórica carreira no cinema, tanto na França quanto nos Estados Unidos. Em 1910, ela co-fundaria a Solax Studios em Nova York com seu marido, Herbert Blaché.
Poucas pessoas fizeram mais pelo cinema experimental ou pelo feminismo dentro do cinema do que Chantal Akerman. Nascida em Bruxelas em 1950, ela era dona de uma marca poderosa e única de intimidade penetrante e gentileza lenta por trás das câmeras, o que lhe traria aclamação generalizada tanto na Europa quanto na América do Norte.
Ela ficou mais conhecida por sua obra-prima narrativa, 'Jeanne Dielman, 23 quai du Commerce, 1080 Bruxelles' (no Brasil, 'Jeanne Dielman'), lançada em 1975. O filme é considerado por muitos como a coroação do cinema feminista. Akerman também ajudou a revolucionar os gêneros de documentário e autodocumentário com filmes como o imensamente poderoso 'News From Home' (1977) que consiste em longas e estáticas gravações da cidade de Nova York enquanto Akerman lê cartas de sua mãe. A cineasta faleceu em 2015.
Fatma Begum foi uma figura essencial e influente no começo do cinema indiano e foi a primeira mulher diretora de cinema no país. Nascida em 1892, Begum escreveu, filmou e lançou seu primeiro filme, 'Bulbul-e-Paristan', através de sua própria produtora, Fatma Films, em 1926.
Embora nenhum de seus filmes tenha sobrevivido através dos tempos, ela era conhecida por filmar filmes de fantasia gloriosos, com efeitos especiais que beiravam o milagre para a época. Ela era amada em toda a Índia como uma das poucas figuras femininas no cinema indiano, tanto atrás quanto na frente das câmeras, numa época na qual ainda era comum homens interpretarem mulheres na tela.
A verdadeira heroína da Nouvelle Vague Francesa foi a própria Rainha do Cinema, Agnes Varda, antes mesmo de Jean-Luc Godard ou Éric Rohmer deixarem seus nomes marcados na história. Com uma carreira que durou mais de 50 anos, Varda dirigiu e lançou mais de 40 longas-metragens, documentários e curtas. Além disso, a cineata atuou como ponte entre o cinema antigo e o cinema contemporâneo, embora, comercialmente, tenha sido esnobada com frequência.
Apesar de ter sido ofuscada por seus colegas homens no clima machista e dominado por eles no cinema de meados do século XX, ela finalmente foi reconhecida como a figura indispensável e revolucionária do cinema. Em 2018, Varda se tornou a primeira mulher a receber um Oscar honorário. Infelizmente, ela faleceu em 2019.
Dorothy Arzner foi uma cineasta desbravadora durante a era do cinema mudo e até a década de 1940. Durante sua carreira, que durou mais de uma década, Arzner era a única mulher fazendo filmes em Hollywood.
Arzner dirigiu 20 filmes durante sua vida, incluindo 'Quando a Mulher Se Opõe' (1932), 'Honra de Amantes' (1931) e 'A Vida é Uma Dança' (1940). Arzner também foi a primeira mulher a se juntar ao Diretor's Guild of America.
Uma das personalidades mais emocionantes e desenfreadas do cinema italiano foi, sem dúvida, Lina Wertmüller. Em 1977, ela se tornou a primeira mulher a ser indicada ao Oscar por seu extraordinário filme 'Pasqualino Sete Belezas'.
Os filmes de Wertmüller, muitos deles ambientados durante ou logo após a Segunda Guerra Mundial, são elogiados por suas misturas perfeitas de comédia e tragédia, trazendo humor e inteligência a filmes que retratam alguns dos aspectos mais sombrios e sérios dos tempos de guerra, sem se inclinar para a farsa, a paródia ou a zombaria.
Pioneira do cinema queer, Cheryl Dunye nasceu na Libéria e agora está baseada em Oakland, Califórnia. E ela merece muito mais reconhecimento do que costuma receber por seu trabalho em testar os limites do cinema. Os filmes de Dunye são excepcionais por suas interpretações honestas de pessoas que raramente recebem tempo na tela, particularmente a vida de lésbicas negras.
Dunye é mais conhecida por seu filme independente 'The Watermelon Woman' (1996), no qual uma versão ficcionalizada dela mesma investiga a identidade de um ator negro sem nome entre suas experiências como lésbica negra na Filadélfia, tudo isso num filme mudo. O filme é uma das entradas mais significativas no cânone do cinema queer.
Por mais de 30 anos, Claire Denis permaneceu na vanguarda do cinema. Ela tem mais de 15 filmes no currículo e não mostra nenhum sinal de que vai parar tão cedo.
Os filmes de Denis abrangem uma ampla gama de temas, incluindo as realidades do colonialismo francês, críticas à sociedade francesa e à condição humana em geral. Seu filme inspirador de 1999 'Beau Travail' é considerado um dos melhores filmes da década de 1990 e recentemente voltou a receber atenção de uma nova geração de cinéfilos, após o sucesso de seu filme sombrio de ficção científica 'High Life' (2018).
Gina Prince-Bythewood entrou na cena do cinema com seu adorado filme 'Além dos Limites' de 2000. A cineasta afirma que o filme é semiautobiográfico, baseado em suas próprias experiências de crescimento.
Prince-Bythewood fez fama retratando os belos momentos da experiência negra na América, não apenas os dolorosos. Seus romances leves e sonhadores ganharam espaço cult nas últimas duas décadas e colocaram Prince-Bythewood como uma importante e adorada cineasta moderna.
Uma das cineastas mais consistentemente impressionantes ainda em atividade, Andrea Arnold recebeu três prêmios do Júri no Festival de Cannes e um Oscar por seu curta-metragem 'Wasp', em 2005.
Depois de sair da obscuridade com seu filme inquietante e magistralmente elaborado 'Marcas da Vida' em 2006, Arnold capturou a atenção da comunidade cinematográfica e nunca decepcionou. Seu filme 'Docinho da América' (2016) sobre uma road trip americana é profundamente comovente e envolvente, e recebeu ampla aclamação internacional.
Samira Makhmalbaf nasceu no Teerã em uma família de cineastas. Seu pai, Mohsen Makhmalbaf, é um dos diretores iranianos mais famosos de todos os tempos. Apesar de ter nascido em uma dinastia privilegiada de cineastas, Samira Makhmalbaf deixa claro que é uma força criativa por si só e independente. Em 1998, ela se tornou a mais jovem diretora na competição em Cannes com seu filme 'A Maçã', aos 17 anos.
Por ser uma ativista aberta dos direitos das mulheres e por causa das frequentes críticas de sua família ao governo iraniano e ao Talibã no Afeganistão, Makhmalbaf já esteve em perigo inúmeras vezes. Durante as filmagens de seu aclamado 'Two-Legged Horse', em 2007, um figurante jogou uma granada contrabandeada no set, ferindo numerosos membros da equipe. Samira e seu pai eram os alvos do ataque.
Outra base do circuito internacional de festivais é a cineasta japonesa Naomi Kawase. Ela faz filmes há mais de 30 anos e conquistou fama como uma cineasta subversiva e intrigante.
Suas obras, embora quase sempre muito gentis visualmente, são frequentemente contadas em narrativas enigmáticas e não lineares e muitas vezes deixam os recém-chegados espantados. No entanto, por baixo dessa armadura protetora, quase sempre vive um estudo profundamente íntimo e vulnerável dos aspectos mais frágeis da natureza humana, frequentemente inspirados pela infância conturbada de Kawase.
Uma das favoritas e mais consistentes presenças do circuito de festivais é Lucrecia Martel. Seu nome pode ser encontrado em quase qualquer lista dos mais importantes cineastas modernos. Martel deu início ao movimento de Novo Cinema Argentino com sua adorada estreia como diretora em 'O Pântano' (2001) e tem estado na vanguarda do cinema sul-americano desde então.
Repletos de críticas sociais e políticas estimuladas pela agitação argentina no final do século XX e pelas próprias experiências de Martel como mulher, seus filmes são caracterizados pelo uso inteligente da alegoria e do surrealismo para transmitir mensagens muito reais e urgentes. O estudioso de cinema David Oubiña uma vez chamou o conjunto de seu trabalho de "uma perfeição rara".
Julie Dash é uma cineasta aclamada de Nova York, que ficou bastante conhecida (e merecidamente) por seu filme de 1991, 'Filhas do Pó'. Este filme não foi apenas significativo por ser o primeiro filme escrito e dirigido por uma mulher negra a receber um lançamento nacional em todo os Estados Unidos, como também por seu estilo visual único e pelo método não linear de contar histórias.
'Filhas do Pó' conta a história de uma família fictícia pertencente à cultura Gullah, um povo frequentemente negligenciado e esquecido, que prospera nas ilhas costeiras do sul dos Estados Unidos. O filme foi elogiado por seu retrato genuíno e autêntico da cultura Gullah. Inclusive, muitas partes dos diálogos foram faladas em Gullah quando apropriado. Dash ajudou a pavimentar o caminho do cinema mainstream para cineastas negros e mulheres sem sacrificar suas visões ou princípios.
A ilustradora, animadora e diretora irlandesa, Nora Twomey, é uma figura pioneira do cinema de animação no século XXI. Ela é co-fundadora do estúdio de animação independente Cartoon Saloon, com sede em Kilkenny, Irlanda, que é responsável por alguns dos melhores filmes animados dos últimos anos.
Os filmes de Twomey, e a maioria dos filmes do Cartoon Saloon em geral, são todos ilustrados à mão, rompendo com a dependência da maioria dos estúdios modernos na computação gráfica, criando animações maravilhosamente bonitas e cheias de alma, combinadas com histórias quentes e intrigantes comumente enraizadas no folclore, como o filme de Twomey de 2009, 'Uma Viagem ao Mundo das Fábulas'.
Nascida em Kiev, Ucrânia, em 1917, Maya Deren foi para os Estados Unidos e se tornou uma das figuras mais influentes da história do cinema de vanguarda americano. Como uma verdadeira sábia, Deren sintetizou seu conhecimento e experiência dos campos de dança, psicologia, poesia e ocultismo em uma personalidade cinematográfica singular que nunca foi combinada ou imitada.
O primeiro filme de Deren, 'Tramas do Entardecer' (1943), continua sendo o mais famoso. O enredo circular desorientador e as imagens impactantes do filme têm sido o foco de muitas análises, o que faz dele um dos filmes mais importantes da vanguarda. A maioria dos filmes de Deren foram feitos apenas por ela, com uma ajuda ocasional de seus companheiros ou amigos.
Fontes: (IndieWire) (High on Films) (The Guardian)
Não é segredo para ninguém que o cinema tem sido uma indústria dominada por homens durante a maior parte de sua história e que, muitas vezes, foi machista e reproduziu estereótipos machistas. Felizmente, isso vem mudando nos últimos anos. Mudanças sistêmicas vêm sendo feitas para tornar a indústria mais transparente, inclusiva e segura. Ainda há um longo caminho a percorrer, mas o futuro está começando a parecer mais interessante com cineastas, roteiristas, produtoras e diretoras incríveis recebendo o poder e a atenção que merecem.
As mulheres têm uma longa história dentro do cinema e, embora o devido crédito raramente tenha sido dado na época, elas quase sempre estiveram na vanguarda da sétima arte. Alguns dos maiores pioneiros no cinema foram mulheres e conhecer suas histórias e seus trabalhos não lança luz apenas sobre a história das mulheres no cinema, mas sobre a história do cinema em geral. Continue lendo e descubra histórias extraordinárias de algumas das mulheres mais influentes e maravilhosas que já trabalharam atrás das câmeras!
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Filmes Cinema
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